sábado, 5 de setembro de 2009

Ante Cordão Umbilical


Assim, inculta. Assim, em estado puro. Assim, surpreendida com aquilo que já toda a gente sabe, que já toda a gente leu. Assim, a dissertar sobre o que tu já dissertaste anos antes. Assim, em estado híbrido numa qualquer ilusão sem cheiro preciso. Assim, deitada na relva de olhos abertos lacrimosos por não pestanejarem. Busco cada movimento, cada brisa, cada insecto, cada lua nova, cada som em movimento, a total harmonia entre mim e o intacto do que se criou lentamente dentro da barriga da minha mãe. Espero num êxtase mudo, de quem está à espreita...
Assim, como a eterna criança que ainda não aprendeu a andar e vê com olhos de estrela tudo o que existe ao seu redor. Tudo é limpo. Assim. Com as mãos e os pés tão pequenos quanto a minha obrigação. Foco tudo com o genuíno do meu estado perfeito. Ficar assim. Esperneio com a liberdade mais cheia, aquela que não precisa de saber o valor e o significado de ser-se livre, inteiro. Assim, saltitando em contra-tempo com a bola colorida.
Quem é meu pai? Quem é minha mãe? Onde esta a minha casa? Porque te pintas? Porque há duas ruas se posso brincar aqui? Porque é que os dedos murcham quando estou no banho? Porque é que as pessoas fogem quando esta a chover?
Assim.

Não existo para saber. Não escrevo para dizer.

Foto em Deviantart

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