quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Amália, O filme



"...Eu não sou mórbida, sou lúcida..."
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Escolher não é capricho.
Desfruto-te com impaciência e olho-te de soslaio demarcado.
Desfrutas de mim o que consomes, chão ou areia, mediocridade ou estalo firme.
Só quem não sabe da extensão da sua solidão, a infinitamente real de coroa, poderá tornar vaga e imprevisível a sua capacidade social e, inesperada e vazia a sua: capacidade solidão, distinta. Frente e verso da mesma folha de papel.
Só quem nunca redemoinhou sozinho no ciclone do mais puro da alma humana lavada, poderá prescindir de se sentar aqui contigo.
Amanhã com o bêbado do balcão, obstáculo para quem passa...

Escolho, descubro a pérola da concha maior que a minha mão.
Por isso, jogo ao jogo do galo contigo.
Não me interessa a derrota. Não me interessa a vitória.
Interessa-me o entretanto do que descubro, mesmo que me provoque náusea.
Sinto.
Amanhã acordo e estico-me mais livre.
Amanhã não estarei aqui.
Hoje revejo o outro quarto do círculo.

Por vezes até me podes provocar dó.
Usar-te, usares-me,
Usufruir-mo-nos.
Ser ou não ser sem se procurar algo estúpido.
Apenas não procurar. Apenas ver.
Sentir.

Por isso sim, mais vale mal acompanhado do que só.


O velho amigo do medo, não teme seu próprio desconhecido.

1 comentário:

Anónimo disse...

Quem dorme à noite comigo?
É meu segredo, é meu segredo!
Mas se insistirem, desdigo.
O medo mora comigo,
Mas só o medo, mas só o medo!

E cedo, porque me embala
Num vaivém de solidão,
É com silêncio que fala,
Com voz de móvel que estala
E nos perturba a razão.

Que farei quando, deitado,
Fitando o espaço vazio,
Grita no espaço fitado
Que está dormindo a meu lado,
Lázaro e frio?

Gritar? Quem pode salvar-me
Do que está dentro de mim?
Gostava até de matar-me.
Mas eu sei que ele há-de esperar-me
Ao pé da ponte do fim.

;)
Bjinho, P.B.