quinta-feira, 26 de março de 2015

Vivia em crer

Vivia em crer que sabia ser
Permanecer e perecer mal fosse preciso
Num qualquer mal menor
Um sonho incrível, hilário
Ou uma outra variedade de amor

Cria e sabia poder ser
Aquando chegasses manifesto
Para te pedir que ficasses
Pedir que te fosses
Antecipando o medo de seres tu
A precipitar o futuro
Que em ser, guardava como mais nada

E esperava, sentada,
ao vê-lo mexer-se dentro de mim
Que me dissesse porque parava
Quando minh'alma era um arlequim
nos intervalos da verdade que procurava

Nunca soube bem quem me vias ser
E vivia em crer que era, antes do excesso
O futuro que só eu podia prever
E que retardava pelo peso

Pesava-me ser,
E cria porque sabia,
Sabia em mim que futuro não havia
Se eu vivia para o prever
Ou o usasse quando esquecia

Em nada te tinha, e tinha-te em tudo
Mas em metade de mim tinha-te mudo
E na outra metade eras tu quem ditavas,
Que mandavas e desmandavas
Esta alma etérea e parva
Que de entre variedades de amor, queria todas
Mas em nenhuma podia perder o que conhecias
E a ti;
Pois que agora tu c'rias saber
E eu que percebi,
precipitei-me em viver