sábado, 24 de julho de 2010

Entre a areia e as ondas


Mas tu estás sempre a rir? - Perguntou-me.
Respondo-te agora, assim mesmo.

Estou.

Rio a todas as oportunidades, porque ironicamente ou não (e a ironia é deliciosa e matreira), raramente faço par numa dança.

Na dança há sempre alguém que comanda ou brilha mais.
Costumo dizer que;
Danço contigo. Com vocês. Agora.
E ambos somos a mesma sombra ao pôr do Sol. O dobro de nós.
E todos sentimos a brisa por entre o cabelo, no mesmo sentido.
Paralelamente.
Rio, porque sou paralela, e a perpendicularidade não me vinga nem a atinjo.
Rio sim.

A mais uma oportunidade que larguei sem agarrar.
Rio-me. Sempre.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Sei lá chorar! Sei lá calar!



Teme, e é impotente perante a sua impotência.

Corre mais do que o mundo... adianta-se milhas, até o perder de vista.
À procura do mais profundo vazio. À procura de nada.
Corre sem direcção nenhuma.
Incompetente na missão. E nada sendo seu, não pertence a lado algum.
Não sente saudades, nem tem a sua gente.
Isso é batota dos fortes que seguem a estrada.
E em tal marginalidade, ainda assim a sua janela não fecha.
Ainda assim cobrem-na robustas paredes.
E por isto mesmo.
Que ainda assim não a impedem de ver a mais do que a sua felicidade permitiria.
Impedisse-a o mundo de ser livre.
E não se perderia na pior cela que é a liberdade suprema.
Perde-se do mundo, sempre nela.
Impede-se de respirar.
É impotente.
E a impotência quando passa não lhe conhece o rasto.
Às vezes, recebe-lhe um formal Boa Noite.
Seguindo caminho, de nariz apontado ao chão.

O maior lamento não reduz o pânico aos dias.
Não facilitem a capacidade de julgar - disse, numa madrugada em que mais uma vez perdia o tempo por entre as suas finas, brancas e conhecidas mãos.


sábado, 10 de julho de 2010

L&L ; Legal Ligeireza

Lutaria de espada à cinta!
E de armadura na mala. Que deixaria num canto seguro mais atrás de mim, porque os meus ombros são estreitos, e não suportariam tal peso.
Enfrentaria o centro e a luz com teatralidade nos passos e nos gestos.
Convictamente, usari
a da minha alma e força bruta, unidas num só impulso, e entraria em campo de batalha para tropeçar na minha dança.
Cantar-vos-ia seriedade com voz mimada, sorriso maroto, e cócegas nas orelhas.

É só um sonho.

Belisco-me e acordo.

Sempre acreditei acerrimamente no que não existe.

E se não existe é teoricamente impossível.
E sendo teoricamente impossível, ninguém leva em consideração.

Pois que perfeito. Perfeito!

E porque perfeito não existe.

Consideração...

Certamente que o senhor do carrinho dos gelados do portão da saída, venderá pacotes de
consideração com açúcar.
Ele vende tudo.

E
tudo é como perfeito.
Se eu te digo que tenho razão, tu negas e garantes-me a verdade.

Rio-me durante aproximadamente três sestas e uma pequena refeição (daquelas de verão), e entretanto a guerra acaba.

E eu não terei de
puxar da espada adormecida na minha cinta.
Nem de vestir a armadura,... lá atrás, dentro da minha mala.

Não terei de vos levar a sério com o passar do tempo.

E
tempo, é como perfeito e tudo.

É como razão, verdade, peso, convictamente e impossível.
Olha...,
A g
uerra terminou.
Ouvi de novo o ressoar do clarim.

Ouvi a retirada e os gemidos ao longe.

Pois que não me dá vontade de chorar.
Já não levo a sério o que me tento fazer acreditar todos os dias para me fazer m
aior.
E sério, é como tempo, perfeito, tudo, razão, verdade, peso, convictamente e impossí
vel.
Enfim, é como a memória.

Maior
...
Bem,
maior, é o que a coragem vê para além da ilusão das palavras.
E essa..., nem nos sonhos ma mentem.

Nem nos sonhos a trago.

E deles, nunca soube nada.

E nada é como...
A guerra q
ue vi e que não vos narrei.
Disseram-me que o senhor do carrinho dos gelados do portão da saída, foi embora de mãos vazias e carro despido.
Que pena...
Ele tinha tudo.



Ainda corri para o portão, então fechado.
A minha irresponsabilidade fez-me também perder a chave.