terça-feira, 1 de maio de 2012

Respeito

Criatura. Mulher. Parva. Que te fui ao cu com manteiga. 
Grita, agora. Chora, mulher!
Há lá melhor sabor que este de chegares a mim, enquanto eu te vergo com compaixão própria?
Chegas-me à pena. À minha. Que pode ser tua também, se quiseres.
E que mais que isto?
Não tens culpa. Eu também não.
Culpa é o nosso volume. Um só. Nos lençóis encardidos desta cama que nos adoptou.
Prova-o. Mete-o na boca.
Achas por bem culparmos os outros que nos esvaziaram a alma?
Eles podiam ser mais perfeitos do que nós
E qual travo amargo este da ânsia pelo melhor exemplar...
Mas temos mais em comum nós os dois,
Eu contigo, tu comigo
Que com tudo aquilo que quisemos noutra altura, amar.
Acredita de novo. Pelo menos tu, que prometo admirar apaixonadamente...
Larga e volta. Que tudo começa outra vez..
De novo, nos afrontamos
Nos enchemos o estômago de verdade tóxica
E que culpa temos nós...?
Foi isso que pedimos este tempo todo de pesar
Pena, que não um ao outro.
Pena...
Incapazes somos todos. 
Mas a virtude legítima da vingança, é dos piores.
Dos melhores que achamos antes, e que não nos largaram a sina.
Que exemplar é esse o teu, então, mulher?
Não digas.
Não quero saber.
Egoísmo o meu, não te querer de frente para mim.
Tenho vergonha, sabes?
Vergonha.
Não por ansiar uma vida sã...
E sim, por não saber o porquê de todos a procurarem.
Porque se fala de medo, quando há só cobardia?
Medo torna quase heróica a frustração dos não abençoados pelas suas próprias taras.
Mulher...
Que te fui por trás, lúbrica...
Sorri, por favor.
Prometo, que se o fizeres, eu faço-te cócegas.
E ficaremos aqui, quiçá.
Percebe que, no fundo, eles é que nunca souberam que é o lixo que honra a humanidade.
Oh, mulher...
Somos finalmente nós.
E é tudo.