domingo, 26 de junho de 2011

Como que gostar...

Percorrida a taberna cheia de massas pessoalizadas à mercê da cidade, movidas a cerveja e atrocidades amorfas. Percorrida a feira fantasma de S. João, nessa tal cidade velha. Percorrida a verdade. Percorrida a consciência acéfala da história de um barco de papel vazio numa grande tela de cinema. Percorrido o azar de estar com sorte numa comodidade absolvida por mentiras com sentido.
Percorrido tudo isso descalça percebi, que ser-se amado mais não é que uma mentira com um sentido, esse, teológico. Como que um deus sobre a terra, assemelhado a um homem arrogante e forte.
Descalça senti então a paixão como a primazia das coisas informalmente belas. Delicadamente perfazes. Incomensuravelmente tecidas até ao final. E todos se podem apaixonar, aquando desalicerçados do peso totalitário da vida.
Mas apaixonados são-no poucos. A paixão é uma natureza indefinidamente selvagem, que a existir saberá o que há de querer.
E eis o paraíso paradoxal de se poder ser-se apaixonado por tudo. Por isto. Por alguém. Por nada. Pelo nada.