segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Passadiça

Quando a imaginação ultrapassa todo e qualquer relógio gasto, que se prega no alto da torre velha de uma igreja, a base de verdade está ganha, porém a ideia de felicidade, perdida.
O cepticismo transforma-se numa substancial defesa com um elegante vestido preto de noite. Num desfiladeiro encalcetado de crenças calcadas pelo orgulho da realidade.
Acredito no teu caderno de letras, tanto como no ridiculo das suas páginas. Tenho os bolsos cheios. O casaco roto. Tenho frio.

Cai-se-me o carmo e trindade sem mais lixo ou sequer Cristo. Apesar do fedor e das suas chagas me cravarem o peito de derrames vãos. Mas que combinam perfeitamente com a confortável camisola vermelho sangue, de gola alta, que hoje visto.
No amanhecer de todos os dias, dispo-me inteiramente de pudores. Conjecturável sensualidade. Porque o que me veste é a vergonha da existência, não a roupa que me guarda.

Posso jurar a pés juntos, que consigo fazer-me feliz, assim. Só assim. Tanto assim.