Só porque eu quero, vão levar com esta relíquia aqui! Motivo inquebrável, portanto!
Estou Maravilhada!
Tão lindo o meu espargo cô - rosa! ='D
Reservei bilhetes! Consegui uma fila central! Fiquei feliz e contente, e tal! Nem comprei pipocas nem nada, para não fazer o número do *Rrroccc* *Rrroccc* (onomatopeia parva, referente a quem abarca na boca um punhado de pipocas duas vezes maior que esta),aquando uma cena de suspense!
Nas estreias populares é sempre a mesma estória; grupos e grupos de pessoal, vá, mais ou menos adolescente, mais ou menos parvo, aos guinchinhos, aos roncos e às risadas por tudo e por coisa nenhuma, principalmente, claro esta, em momentos menos oportunos.
Abstraindo-me de tal facto, naturalmente, e do facto de ter criado uma sementeira de cereal e chocolate no lugar número 11, da fila I, precisamente, alargando-a, não contente, ao tufo de cabelo do miúdo que se encontrava à minha frente, na fila seguinte, duplamente "naturalmente" ( oops! ), não achei o filme extraordinário.
Cenários, fotografia e efeitos especiais? Evolução considerável! Muito bom. Ângulos, jogos de câmara, um novo movimento, o "toque" de uma nova expressão e, repito, grandes cenários! Um pormenorizado trabalho de produção, provido de grande sensibilidade no jogo "cena - banda sonora". Ritmo certo. Boas dicas.
Acompanhou a extensão, referente ao número de dados, recomendável no que diz respeito à vida social das personagens, condicionantes, crises amorosas e afins. Porém, e digo eu, não acompanhou a extensão emotiva, e a carga dramática necessárias para a sua proporcionalidade com todo o "alarido" envolvente, geral e particular de cada cena, de cada personagem... A cada cena, a cada acontecimento, a cada reacção, interacção, havia sempre como que um espaço branco, estático e até formal entre o expectador e a cena. As personagens..., demasiado planas (não que os livros primem por personagens cuidadosamente trabalhadas, porque não. Porém, na grande tela, com grau muito inferior de complexidade), inexpressivas, representação linear. Formato simplisto-juvenil, que já pouco se justificaria, perante a exigência da evolução da trama. Não revi os focos do livro. Grande número de cenas mal escolhidas. Cenas fulcrais e, digo eu, com grande poder cinematográfico não foram seleccionadas, não foram exploradas.
Quanto à cena final: a trágica, repentina e inesperada morte de um dos personagens centrais, acharam por bem, visando o enternecimento da massa jovem, dar um toque naife através de apontamentos clichés e básicos, numa cena tipo, aquém do que seria de esperar perante o descrito no livro, diria. Valeu todo o trabalho de produção que referi.
Não chegou a mim como deveria de ser, não me prendeu como seria preciso. Com todos estes condicionantes, senti-me praticamente só uma curiosa espectadora, não entrei na tela. Havia uma sala branca, e demasiado geométrica entre mim e o todo e, principalmente, cada coisa do filme.
Gostei no geral...melhor que os anteriores a vários níveis referidos, mas... ficou o "mas" um tanto insípido, justa ou injustamente.
Ai que prazer
não cumprir um dever.
Ter um livro para ler
e não o fazer!
Ler é maçada,
estudar é nada.
O sol doira sem literatura.
O rio corre bem ou mal,
sem edição original.
E a brisa, essa, de tão naturalmente matinal
como tem tempo, não tem pressa...
Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.
Quanto melhor é quando há bruma.
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!
Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol que peca
Só quando, em vez de criar, seca.
E mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças,
Nem consta que tivesse biblioteca...
Fernando Pessoa
Fosse a dor das articulações e paralisia motora que me impedissem de me movimentar. Fosse a ardência dos meus olhos cansados de tédio e de escuridão envolvente...tão envolvente...! Fossem os meus pés sempre gelados e descalços. Fossem as minhas infinitas noites em negro, e a minha pele pálida, amarelada, moída. Fosse a minha queda de cabelo vagabundo. Fossem minhas repetições em ciclos enfadonhos, já nem questionados, sob a maior questão, qualquer coisa como "eu". Não sei para onde vou. Não vou. Perdi os remos e não estou a caminho. Não há velas..., não há ondas. Mas eu sei da praia... Qual? Aquela...!
Oh, "eu" não, "eu" não sou este barco, "eu" sou este mar! Não! Não gosto deste meu medo e acomodação a um verdadeiro nada que insisto em possuir, que insisto em querer, proteger com o meu calor, e fugir e estar com ele..., como se mais e o muito, pouco mais que vejo em linhas curvas emaranhadas ao meu redor já nem pudessem ser mais que isso mesmo. Mas o que gosto tornou-se insípido, e o meu sorriso aberto já não sente aquela doce ilusão...Sim, aquela que um dia me soube doce na boca. Aquela...
"Eu" e isto, fizemos com que a minha ingenuidade adoecesse e se escondesse fraca por entre as escamas das minhas falhas inertes. Seu trono feito de legos, fosse agora ocupado pela ignorância, que se senta de forma pomposa e pertinaz, lançando-me um ténue olhar carregado de ironia.
- Não me olhes assim! - dirijo-lhe - Conheço-te, caminho ao teu lado, mas deixa-me, deixa-me procurar-te!
Não consigo andar, não consigo querer, e este verbo na negação, repete-se como a batida repetitiva e intimista de uma qualquer música viciante, como o tinir metálico, aquele..., aquele que vibra no meu bloqueio, na minha ousadia.
Desilude-me, agonia-me, exaure-me..., saber que me encontro sempre em cantos viciados, sujos e recheados de arestas que cortam lentamente a carne, a quem, como eu, involuntariamente ou não os procura. Mas que, como o sumo amargo de uma erva daninha me saciam, e provo com aquela estranha vontade..., como quem prova a maçã de Adão e Eva, sentada no parapeito da janela do seu quarto à luz da vela..., aquela...
Não há nada, não haverá nada..., e a minha controversa e tenaz casca solidifica como um rocha..., tenacidade da força de um sopro...tão disconecto, imprevisível ou até minguado. É tão acidental a sua vulnerabilidade a um pontapé carregado de um misto de adrenalina e veneno, como esta sedimentar naquele meu chão, tão meu, tão mundano quanto isolado..., aquele...
Não és o que és...és o que não fazes. Não és.
Fosse a falta, uma incapacidade separatriz...
Fosse um punho firme pelos pré-objectivos, prescindível...
Este, este paradoxo que existe em cada defesa, em cada falta, em cada linha descontinua..., em cada ante-fim, na minha escrita, na ausência das palavras que não escrevi... que não disse.
Fosse este..., fosse...
Não quero a palavra certa, quero o demais na ausência dela.
Solto hoje curtos uivos descompassados, em detrimento da profundidade da sua garganta!
(Retirada da net - Deviantart)
E a ver apenas metade do meu leve sorriso no pequeno e esgotado espelho, murmurei: "Cada uma destas ilhas espera-me... Amanhã penso nisso..."