tag:blogger.com,1999:blog-29209972393884637012024-03-05T09:20:30.515+00:00sete moinhos e meioblackbirdhttp://www.blogger.com/profile/15969249462225704852noreply@blogger.comBlogger196125tag:blogger.com,1999:blog-2920997239388463701.post-70366105327291998932015-03-26T09:27:00.001+00:002015-03-26T09:27:09.341+00:00Vivia em crerVivia em crer que sabia ser<br />
Permanecer e perecer mal fosse preciso<br />
Num qualquer mal menor<br />
Um sonho incrível, hilário<br />
Ou uma outra variedade de amor<br />
<br />
Cria e sabia poder ser<br />
Aquando chegasses manifesto<br />
Para te pedir que ficasses<br />
Pedir que te fosses<br />
Antecipando o medo de seres tu<br />
A precipitar o futuro<br />
Que em ser, guardava como mais nada<br />
<br />
E esperava, sentada,<br />
ao vê-lo mexer-se dentro de mim<br />
Que me dissesse porque parava<br />
Quando minh'alma era um arlequim<br />
nos intervalos da verdade que procurava<br />
<br />
Nunca soube bem quem me vias ser<br />
E vivia em crer que era, antes do excesso<br />
O futuro que só eu podia prever<br />
E que retardava pelo peso<br />
<br />
Pesava-me ser,<br />
E cria porque sabia,<br />
Sabia em mim que futuro não havia<br />
Se eu vivia para o prever<br />
Ou o usasse quando esquecia<br />
<br />
Em nada te tinha, e tinha-te em tudo<br />
Mas em metade de mim tinha-te mudo<br />
E na outra metade eras tu quem ditavas,<br />
Que mandavas e desmandavas<br />
Esta alma etérea e parva<br />
Que de entre variedades de amor, queria todas<br />
Mas em nenhuma podia perder o que conhecias<br />
E a ti;<br />
Pois que agora tu c'rias saber<br />
E eu que percebi,<br />
precipitei-me em viver<br />
<br />blackbirdhttp://www.blogger.com/profile/15969249462225704852noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2920997239388463701.post-15879298307341769152014-09-20T04:49:00.002+01:002014-09-20T13:15:46.435+01:00- Estás a ver aquilo ali ao fundo?<br />
- É verde.<br />
- Sim... E estás a ver o que é?<br />
- Hum... Um sapo?<br />
- Não...<br />
- Uma rã?<br />
- Também não. Olha lá melhor.<br />
- Um tufo de musgo. Sei lá Sérgio. A forma não ultrapassa a cor.<br />
- Se vires um vulto na parede, não sabes qual a sua cor.<br />
- Sei. Sei a cor da sombra. Do vulto em si na parede.<br />
- Ok, mas não percepcionas a cor real do corpo... <br />
- A forma será, então, menos falaciosa para a nossa percepção...?<br />
- Se em perspectivas distorcidas, pode muito bem ser mais falaciosa do que a cor.<br />
- Bem... então a cor será facilmente alterada, para os nossos olhos, sob infinitos condicionantes, como a luz...<br />
- Certo, mas o que tu vês primeiro de ambas?<br />
- Vejo o engano.<br />
- O engano?<br />
- Sim. E a futilidade de não se acreditar no que os nossos olhos vêem à partida.<br />
- Não te questionares é acéfalo, e isso sim enganoso.<br />
- E a nossa ambição fútil.<br />
- É fútil querer saber?<br />
- É fútil querer o que quer que seja para além do facto de termos a capacidade de podermos querer.<br />
- Mas se a capacidade nos foi concedida, porque não usá-la?<br />
- Quem a deu?<br />
- Sei lá! A condição! A vida!<br />
- Então é a ela que temos de prestar contas, e apenas nos limitarmos a viver, sem mais.<br />
- Vais viver sempre em contradição, Ema, tu e toda a gente...<br />
- O verde fica bem com o quê?<br />
- Com o amarelo de um limão.<br />
- Então é isso que vamos fazer hoje. Apanhar limões por aí.<br />
- Roubar?<br />
- Qual quê! Apanha-los, e junta-los ao verde daquilo que eu não faço ideia do que é. Mas que se tornou importante, desde que tu mo referiste.blackbirdhttp://www.blogger.com/profile/15969249462225704852noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2920997239388463701.post-7812532938003128582014-04-03T00:32:00.001+01:002014-04-03T00:32:23.194+01:00A<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/gHxi-HSgNPc?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<br />blackbirdhttp://www.blogger.com/profile/15969249462225704852noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2920997239388463701.post-71891284005600480202014-01-25T09:09:00.004+00:002014-09-10T07:40:15.505+01:00Pai de V<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
Quando nasceu, tinha em torno de seu torço o cordão<br />
Que da barriga se paria, como a ela e varada.<br />
Largo corte pélvico em função dos três kilos e meio.<br />
Quem é gordo, terá perdão?<br />
<br />
Saiba que até foi planizada<br />
Fodida para ser, após precedente móvito<br />
E para com su' irmã pôr um agapanto na orelha<br />
Pela causa afeita da vida de quem mora numa casa<br />
E nos porta-retratos<br />
Quem aparece, será pela centelha?<br />
<br />
Sentou-se longe e se masturbou<br />
Ouviu tipos de alardes e de veras abortadas<br />
Sangrou por entre as pernas<br />
Anovelou-se cruciante, de cabeça no colo<br />
E punhos fechados<br />
Quem molesta, sai?<br />
<br />
A padecer, sentada, romantizou a genética<br />
E fez dela sua pantalha<br />
Descrição oriunda da fenda do seu aniversário<br />
Quem nasce, casa?<br />
<br />
E se(m) casar, morre?<br />
<br />
Merece por tudo e de novo, a porta que a deu(?)<br />
Deus sabe o quanto lhe desejei o gosto por existir<br />
E por me fazer partejar<br />
E por me fazer suprimir<br />
Até que ela se feche.<br />
<br />
Que há uma ameaça para fora.<br />
Que há uma ácida intrepidez para dentro.<br />
<br />
Ela é linda, mas se estupra sempre porque tem vagina<br />
Corte essa beleza fora.<br />
<br />blackbirdhttp://www.blogger.com/profile/15969249462225704852noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2920997239388463701.post-2268014793615529512013-07-03T06:45:00.001+01:002013-07-03T06:45:56.669+01:00L<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/HXD3StsKCJk?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<br />blackbirdhttp://www.blogger.com/profile/15969249462225704852noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2920997239388463701.post-54210910054752817952013-01-06T07:21:00.001+00:002013-01-06T07:26:11.979+00:00(Onde chegar com demência)Onde chegar, com doce demência a quem me agarre, sem segurar?<br />
Era lá doce saber-te..., ora infinito de mim, ora imaterial das minhas preces. <br />
Mas eu não as tinha. Eu não tinha preces. <br />
A minha pressa era penosa pela ânsia de que um dia eu pudesse ser, sendo nada, pelo que sou.<br />
Nada.<br />
Não sendo, não cedo.<br />
E o que poderia dar então, se de nada tinha...<br />
E o que poderia então sentir, se de nada servia...<br />
Mas eu sinto. E sei lá, se mais pena de mim, se moléstia por não mudar os que me quisessem.<br />
Para que me quisessem.<br />
Querer o que não há, afinal.<br />
Pelo que o meu egoísmo vive em virtude do que mais anseio. Que nunca, nunca sou eu.<br />
Que nunca, nunca me eleva.<br />
Que nunca. Nunca.<br />
E será verdade que poderei fazer tudo, em desfavor deste <em>nunca</em> que me imponho severamente.<br />
Quero os que não querem ser ajudados.<br />
Provo os que querem ajudar e não me sorvem a vontade.<br />
Trinco os que querem ajudar e me sorvem o que me assombra.<br />
Eu já amei, sem jurar.<br />
E agora... o que fazer?<br />
Se me deixar cambiar para trincar, feliz...<br />
Se me deixar morrer pelo que sempre quis...<br />
E agora.<br />
Onde chegar com doce demência...<br />
É o que peço.<br />
Pois que não tem preço este limbo amante e denso<br />
Entre a felicidade enfadonha, que ergue<br />
E a escuridão infinita, que adora<br />
Ei-lo, o sábio...<br />
Ele sabe que; ou mentir, ou o silêncio.<br />
E a mentira se tantas vezes, é-lo com verdade, sei bem.<br />
E o silêncio, tantas vezes grita que mata antes da morte.<br />
E agora...<br />
Onde chegar?blackbirdhttp://www.blogger.com/profile/15969249462225704852noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-2920997239388463701.post-71292227660541867792012-11-23T08:01:00.002+00:002012-11-23T08:15:17.933+00:00Dosa<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;">Não sofro de esperança. Do mal o menos.</span><br />
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;">Pratico a insolvência da compreensão lenta</span><br />
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;">Lenta e lentamente, de lente somítica latente</span><br />
<br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;" />
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;">Não vivo de bem. Pago o mal</span><br />
<div class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #333333; display: inline; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;">
Não vivo de mal. E fio o bem<br />
Pouco se troca, quando se nota<br />
<br />
E notar é, a bem dizer<br />
Esquecer que de algo se trata<br />
E não ver, para lá da minha frota<br />
<br />
A mal dizer, não puder estar<br />
Onde não me convém<br />
E o que me convém a mim<br />
Não puder assim ser<br />
Porque por tais putas me fadei<br />
<br />
E a fidelidade eu lhes dei<br />
Pois que assim!<br />
Esbanjando o engano grosseiro<br />
De que para mim morria descrente, pelo menos<br />
E pelo mal, prisioneiro<br />
Delas<br />
em mim<br />
<br />
Delas<br />
Ai delas...<br />
<br />
Que nunca sofri de esperança<br />
E que só a mim isso paga respeito<br />
E até herança.<br />
<br />
Do menos o mal<br />
Salvé comigo feito.</div>
blackbirdhttp://www.blogger.com/profile/15969249462225704852noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2920997239388463701.post-65656783505601837932012-10-31T07:12:00.000+00:002012-11-04T03:30:29.298+00:00AndrógenoNo alto da nuca detinha uma aclarada película de pele rugosa e cinzenta. Todo o seu rosto era afocinhado para a fronte, como um animal de espécie intermédia e mal amanhada, de instinto selvático. O nariz era o único e determinado propósito daquela disformidade craniana; Lembrava uma pirâmide e era rechonchudo, sempre húmido, apuradíssimo de faro, capaz de discriminar qualquer minúsculo ser insolente da sua própria existência a desertos de distância. As orelhas de ouvidos afilados, perdiam-se sem registo de presença por entre o pêlo grosso como palha, imundo de restos de negro trôpego.<br />
Era quase por ser assim, que tudo lhe era devolvido pelo invariável respeito ao medo. E ele içava o seu longo pescoço, composto por vários anéis cor de cobre, e erguia-se sobre as pernas tortas e finas como ramos rijos de castanheiro, espetados nuns gigantescos pés, que ainda que desconformes e peludos, eram o único sinal no seu corpo que o coligava aos humanos.<br />
Na esfera infinita da sua barriga, ele guardava a fome. Fome essa afamada pela fartura. <br />
Para ele, fartura era um pecado. E a sua véstia de predador facilmente o delatava no mundo. A sua fúria por tal injúria era celeste pela falta em negação, de carborante.<br />
Não se lhe fala do peito.<br />
Era o bruto e jamais o cyborg que os putos nas ruas lhe chamavam, pelos seus imensos braços em geringonças metálicas. As extremidade destes, eram afiadas, e cortavam maçãs aos círculos. Não eram mãos. Não tinha dedos.<br />
Desaparecia para não se sabe onde, a fim de dormir. E fugia indefinidamente quando ao fundo, por de trás da igreja, tocava a sirene estridente e gélida da máquina dos sonhos.<br />
Era cego.blackbirdhttp://www.blogger.com/profile/15969249462225704852noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2920997239388463701.post-39756301759425579122012-07-29T03:41:00.001+01:002014-09-10T07:40:39.873+01:00Desta; P de Purpurinas<span style="color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 12.727272033691406px; line-height: 15.454545021057129px; text-align: left;">Olhei para a sua perna, e vi brilhos. Daqueles que se compram colados nos enfeites das lojas de decoração e pechisbeques criativos. A sua perna esquerda dobrada, sobre o lençol nos tons da meia luz do quarto, à alusão dos meus olhos entediados por ali vê-la sempre fechada em si num silêncio nebuloso, tinha brilhos sobre a pele. Cristais de plástico metalizado. </span><br />
<span style="color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 12.727272033691406px; line-height: 15.454545021057129px; text-align: left;">Contei-lhe.</span><br />
<span style="color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 12.727272033691406px; line-height: 15.454545021057129px; text-align: left;">Todos os dias, a via nua de frente ao espelho, a medir as proporções apenas dos seus pés que, dizia ela, se deformavam à medida que o tempo e a vida lhe faziam o íntimo mais feio e imbecil.</span><br />
<span style="color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 12.727272033691406px; line-height: 15.454545021057129px; text-align: left;">E eu, nunca lhe diria que os seus pés eram perfeitos e os mais belos que alguma vez vira. Jamais a obrigaria à minha intenção tão tensa e obtusa de a amar. Ainda que fosse verdade.</span><br />
<span style="color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 12.727272033691406px; line-height: 15.454545021057129px; text-align: left;">Contava-lhe as ilusões do corpo, como histórias para adormecer. E antes de adormecer, sorriamos sem nos lembrarmos de nada. Soltos dos braços um do outro, e de pés cruzados no desajeito da mútua presença tão sublime, ao fundo da cama.</span><br />
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 12.727272033691406px; line-height: 15.454545021057129px; text-align: left;">Nunca fomos dos que precisavam de acreditar.</span><br />
<span style="color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 12.727272033691406px; line-height: 15.454545021057129px; text-align: left;"><br /></span>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<span style="color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 12.727272033691406px; line-height: 15.454545021057129px; text-align: left;"><br /></span>blackbirdhttp://www.blogger.com/profile/15969249462225704852noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2920997239388463701.post-42908372871856469632012-07-21T04:37:00.001+01:002014-09-10T07:48:14.139+01:00Controração da virtudeE no regresso, da algibeira sacou um pão seco, num gesto redondo e teatral. Devia a esse naco de água e farinha, que morreu ao fim do dia, uma pleonástica intenção de afecto.<br />
Mascou-o com desenvoltura, e um sorriso de boca aberta, enquanto olhava o fundo da passagem de pedra encardida em muros altos.<br />
Ele, ele era filho de Deus. Desse, que o desconhecia à distância da humanidade.<br />
Sabe-se lá.<br />
Pelo centro e ao fundo da passagem escura, o sol já os deixava, desta vez, com a pressa suficiente de uma partida lídima depois de tanto tempo incerto. Talvez fosse ter com O das alturas. O de lá. Deus.<br />
Pois que era provável que Este nem o esperasse, visto não o precisar, a cima.<br />
O Ele, seria Ele de quem? Deus do quê? Se é Deus, é de. E <i>ser de</i>, poderia significar pertencer.<br />
Deus pertence. E ao que pertence, comanda.<br />
É da natureza do universo fazer-se precisar no espaço dessa mesma exacta vontade do seu semelhante.<br />
Mas porque calhou ao universo, ser o maior e mais amplo. O das alturas.<br />
O Deus que alguém escreveu que capitaneou a pregação do querer-bem. Porque do topo da cadeia, tudo o resto se come. Seja o que for. <br />
Porém que venha! Pois a fome é a morte mais conhecida de tudo o que finda à plenitude.<br />
Não há nada que se negue à vontade de se vingar na procura do sustento. Tudo é, porque mais o mantém.<br />
E de amor... Amor. Só da sua algibeira velha, ao enlutar do dia, se podia sentir, duro e morto, o pão que lhe prolongou o caminho negro, a baixo das paredes sujas.<br />
Para onde o maior ia, a pouco lhe sabia para matar a fome. O Pai.<br />
- Oh Pai..., oh que te mantenho e que te sou ingrato, porque me guias na cegueira desse trono!<br />
E neste fim, grato pelo naco, então, sagrado, eu desenho uma larga vénia às migalhas caídas na ladeira.<br />
E Tu estremeces do paraíso aquando me ergo de novo a caminho, sem saberes o que Te perturba.-<br />
<br />
E ambos não tardaram a adormecer, sobre-tudo.<br />
Ou Ámen.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />blackbirdhttp://www.blogger.com/profile/15969249462225704852noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2920997239388463701.post-20354039789170132602012-07-06T10:03:00.001+01:002012-07-06T10:03:09.177+01:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/EieGYDxm-Lo?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<br />blackbirdhttp://www.blogger.com/profile/15969249462225704852noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2920997239388463701.post-79790292996301488222012-06-28T08:21:00.001+01:002012-06-28T09:17:59.491+01:00Eles, comigo.Eram tantos pelos quais lutavam em desaforo. Tantos quantos os que se encostavam, ao fim da tarde, à grande falésia, a fumar coisas de alto valor de descompensação por parte do mundo. Coisas caras, de acesso odeante, que os traziam à companhia uns dos outros, na solidão enfatuada pela desafectação da vida.<br />
Lutavam em desaforo por tantos. Contavam-se pelos dedos, a cada dia que passava, o que procuravam de cada um, filosofando sobre o amor.<br />
Era o fumo ou o peso. A intoxicação da facilidade. A leveza frágil, que se vendia a tantas oportunidades vazias.<br />
Eles eram demais. Literalmente demais.<br />
Demais no que faziam. No que não queriam. No que ouviam. Para onde iam.<br />
Eram demais.<br />
Eram demasiados para serem bons.<br />
<a href="https://fbcdn-sphotos-a.akamaihd.net/hphotos-ak-prn1/541301_132284433571357_527293084_n.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="152" src="https://fbcdn-sphotos-a.akamaihd.net/hphotos-ak-prn1/541301_132284433571357_527293084_n.jpg" width="320" /></a>blackbirdhttp://www.blogger.com/profile/15969249462225704852noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2920997239388463701.post-69609625835625816082012-06-08T08:53:00.001+01:002012-06-09T00:28:11.683+01:00Outra vezDe frente para o sol, todos seremos mais claros.<br />
Uma contra-luz da alma, e um alvejar da tez e dos sinais.<br />
A noite almeja a nossa carne, delineando-a de saborosos enganos, e traz-nos de novo pela manhã.<br />
E aqui estamos nós.<br />
Quem é quem, para dizer que não dormi esta noite.<br />
Que não somos a cara feia que vêem. As rugas, o amarelo e as olheiras.<br />
E quem as trouxe.<br />
Todos falam da solidão com piáculo, e que sabem eles dela na companhia...<br />
Todos renascem da sentença, quando as horas contam o final.<br />
E todos nós. E todos qualquer coisa.<br />
E em todos os tempos, há poemas da noite e de alvorada.<br />
A trivialidade não é melhor por ser poetizada. Mas por ser.<br />
<br />blackbirdhttp://www.blogger.com/profile/15969249462225704852noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2920997239388463701.post-72993209743765043182012-06-04T02:05:00.000+01:002012-06-04T02:58:23.100+01:00Sequer<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;">Julgava-te numa emboscada entre a
lucidez e a deliberação.</span><br />
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: -webkit-auto;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;">Julgava-te a dar-me a opção de auxílio. Deitado na teia do amuo, e
de cabeça encostada ao quadro do deserto que ilustras, desde que te fizeste
gente que reconhece a vontade como uma falta constante.</span><span style="font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: -webkit-auto;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;">Tanto que acabei por cometer o único erro de entre os tantos
inúteis que poderia cometer;</span><span style="font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: -webkit-auto;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;">Julgar-te, enquanto me pensavas à medida dos teus horizontes do
ócio.</span><span style="font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: -webkit-auto;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;">Reduzi o meu critério à gentileza larga do teu imaginário
ocasional.</span><span style="font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;">E pós
leitura, fica o prelúdio nas costas das paredes das casas dos outros.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;">Outros quaisquer
que me traem, sem que eu os saiba.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;">O
julgamento é e será sempre uma coisa séria. O vínculo, que esquecido, deixa
sempre um rasto de sangue onde ninguém pode determinar.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;">Sem
querer, julgo então lúcida a tua indolência.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;">E estou
eu em apuros, baixa.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: -webkit-auto;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;">A pena perpétua é exclusivamente minha.</span><span style="font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;">À minha própria extinção..., num
espaço nulo, forjado dentro de mim.</span><span style="font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;">Lá
dentro, lamento-te. Lá dentro é lamento.</span><span style="font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;">Pareces-me
ardente, e lá não há fogo.</span><span style="font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;">Pareces-me
alto, e lá não há vertigens.</span><span style="font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;">Pareces-me, e nem existes.</span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;">Imposição
negra, no centro assimétrico.</span><span style="font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;">Ou não
fosse o meu egoísmo tão pouco audacioso, sem termo desonrado de
comparação.</span><span style="font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;">Sou
aquela que chora pelo juiz, e não pelo acusado.</span><span style="font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;">Porque
choro não é pranto.</span><span style="font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<br /></div>
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 115%;">Choro
não é pranto.</span></div>
<div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Helvetica Neue', Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Helvetica Neue', Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
</div>blackbirdhttp://www.blogger.com/profile/15969249462225704852noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2920997239388463701.post-787755707034639772012-05-01T05:32:00.001+01:002012-07-29T05:19:51.925+01:00Respeito<span style="font-family: inherit;"><span style="font-weight: normal;"><span style="background-color: white; text-align: left;">Criatura. Mulher. Parva. Que te fui ao cu com manteiga.</span></span></span><span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: white; text-align: left;"> </span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: white; text-align: left;">Grita, agora. Chora, mulher!</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: white; text-align: left;">Há lá melhor sabor que este de chegares a mim, enquanto eu te vergo com compaixão própria?</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: white; text-align: left;">Chegas-me à pena. À minha. Que pode ser tua também, se quiseres.</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: white; text-align: left;">E que mais que isto?</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: white; text-align: left;">Não tens culpa. Eu também não.</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: white; text-align: left;">Culpa é o nosso volume. Um só. Nos lençóis encardidos desta cama que nos adoptou.</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: white; text-align: left;">Prova-o. Mete-o na boca.</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: white; text-align: left;">Achas por bem culparmos os outros que nos esvaziaram a alma?</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: white; text-align: left;">Eles podiam ser mais perfeitos do que nós</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: white; text-align: left;">E qual travo amargo este da ânsia pelo melhor exemplar...</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: white; text-align: left;">Mas temos mais em comum nós os dois,</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: white; text-align: left;">Eu contigo, tu comigo</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: white; text-align: left;">Que com tudo aquilo que quisemos noutra altura, amar.</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: white; text-align: left;">Acredita de novo. Pelo menos tu, que prometo admirar apaixonadamente...</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: white; text-align: left;">Larga e volta. Que tudo começa outra vez.</span></span><span style="background-color: white; font-family: inherit; text-align: left;">.</span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: white; text-align: left;">De novo, nos afrontamos</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: white; text-align: left;">Nos enchemos o estômago de verdade tóxica</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: white; text-align: left;">E que culpa temos nós...?</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: white; text-align: left;">Foi isso que pedimos este tempo todo de pesar</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: white; text-align: left;">Pena, que não um ao outro.</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: white; text-align: left;">Pena...</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: white; text-align: left;">Incapazes somos todos. </span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: white; text-align: left;">Mas a virtude legítima da vingança, é dos piores.</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: white; text-align: left;">Dos melhores que achamos antes, e que não nos largaram a sina.</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: white; text-align: left;">Que exemplar é esse o teu, então, mulher?</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: white; text-align: left;">Não digas.</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: white; text-align: left;">Não quero saber.</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: white; text-align: left;">Egoísmo o meu, não te querer de frente para mim.</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: white; text-align: left;">Tenho vergonha, sabes?</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: white; text-align: left;">Vergonha.</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: white; text-align: left;">Não por ansiar uma vida sã...</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: white; text-align: left;">E sim, por não saber o porquê de todos a procurarem.</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: white; text-align: left;">Porque se fala de medo, quando há só cobardia?</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: white; text-align: left;">Medo torna quase heróica a frustração dos não abençoados pelas suas próprias taras.</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: white; text-align: left;">Mulher...</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="text-align: left;">Que te fui por trás, lúbrica...</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="text-align: left;">Sorri, por favor.</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="text-align: left;">Prometo, que se o fizeres, eu faço-te cócegas.</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="text-align: left;">E ficaremos aqui, quiçá.</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: white; text-align: left;">Percebe que, no fundo, eles é que nunca souberam que é o lixo que honra a humanidade.</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: white; text-align: left;">Oh, mulher...</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: white; text-align: left;">Somos finalmente nós.</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: white; text-align: left;">E é tudo.</span></span><br />
<div style="text-align: left;">
<br class="Apple-interchange-newline" /></div>blackbirdhttp://www.blogger.com/profile/15969249462225704852noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2920997239388463701.post-4214114287869973322012-03-31T03:59:00.004+01:002012-04-04T05:03:15.460+01:00OxaláOxalá te visse tão bonito, quanto és.<div>A vontade de ir para além de mim a transbordar da vasilha.</div><div>Quando te encontro refundido, para que te veja melhor</div><div>Ou por mais tempo</div><div>Tempo que perco, quando lamento a angústia de não dar</div><div>O que em mim é vontade de dor</div><div>Tenho em quase tudo, a melancolia</div><div>Porque nela se guarda o vazio que trago do que não me foi admitido</div><div>E que, contudo, persiste</div><div>Como o dia e a noite, para o mundo</div><div>O lamento de te deixar permanecer longe de mim</div><div>Como a maior alegria do meu ego traiçoieiro</div><div>Não sei se me mata, se me afinca à ideia de morte</div><div>E a vida não passa comigo.</div><div>Oxalá</div><div>me soubesses tão bonita, quanto sou<br />Permanecesses quando a minha fealdade procura o pior</div><div>Quando me encontras singela do meu desejo de ti</div><div>Medo do teu fundo, que arrogante tento</div><div>Que com medo, sorrio</div><div>Mais tempo que te fujo, e permaneço</div><div>A dar tudo o que sequer posso</div><div>A não ter</div><div>Por não me veres a mais que na margem do rio</div><div>Aquando a sede</div><div>Aquando a fome</div><div>Aquando a fome da ausência<br />Não da assimilada </div><div>Mas da que nem a morte nos separa</div><div><br /></div><div>Oxalá não soubesse.</div>blackbirdhttp://www.blogger.com/profile/15969249462225704852noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2920997239388463701.post-57226151134998225402012-03-28T04:30:00.016+01:002012-03-28T06:13:02.135+01:00Buena-dicha<a href="http://fc06.deviantart.net/fs51/i/2009/300/e/c/bride_of_frankenstein_by_Alicechan.jpg" style="font-family: Georgia, serif; "><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 199px; height: 299px;" src="http://fc06.deviantart.net/fs51/i/2009/300/e/c/bride_of_frankenstein_by_Alicechan.jpg" border="0" alt="" /></a><span ><br /></span><div style="text-align: justify; "><span ><span style="font-size: 100%; ">Discernimento</span><span style="font-size: 100%; ">. É o que te faz descer lenta e compassadamente nessa escadaria de ferro, que conta os centímetros, como um banqueiro conta a fortuna.</span></span></div><div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 100%; " >Estamos os dois na balança da má sorte, quando te fizeste assim, alta, de vestido escorrido pérola, de decote medido ao mais ignóbil detalhe de prudência, e aberto até ao sinal libidinoso da minha mácula.</span></div><span ><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 100%; ">Perfeitos como nós assim. Tu lá do alto que desces. Eu aqui, numa espera </span><span style="font-size: 100%; ">conjecturada, </span><span style="font-size: 100%; ">por alguém que não eras tu assim.</span></div></span></div><div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 100%; " >Por nós passaram as ordens cinematográficas das grandiosas paisagens. Das pedras brancas, e dos sonhos latentes em romantismo pérfido e infalível. Por nós a lente da indústria da estética. Calculada na ostentação, que espera sempre a loucura e a vénia das multidões ritmadas, aos teus passos selectos na escadaria de metal, mais inquebrável que tu e eu, ali.</span></div><span><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 100%; " >Na grande tela, somos sombras. E a sombra brilha, quando a ela é dirigido o aperto da imposição.</span></div></span></div><div style="text-align: justify; "><span >Na grande tela, ainda, ficou o ferro, face ao teu vestido ameno e serpenteante sobre o teu corpo, precocemente delineado, em ângulos arredondados do teu esqueleto mais ou menos simétrico.</span></div><div style="text-align: justify; "><span >Continuei à espera que as escadas me engolissem, me desfizessem a pouca elegância da minha espera flácida. </span></div><div style="text-align: justify; "><span >Eu sorria, nas tuas costas. Nas minhas, que afinal, eram as únicas que te sabiam tomar o gosto de cá de baixo.</span></div><div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 100%; " >Ouvir-te o aproximar dos tacões no cinzento bruto e oco, fez-me digno da tua vontade. Passo a passo. Baque a baque.</span></div><span><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 100%; " >Roçamos ali os dois a meia medida dos gracejos, por entre gestos que nos venderam. Facilidades da beleza.<br /></span></div></span></div><div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 100%; " >E quando te senti no chão que eu pisava, contei cada moeda do meu nobre mas fundo bolso. Eram tantas, minha bela, eram tantas... </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 100%; " >E eu ali, no teu chão, de costas para ti, a sorrir do nosso acordo.</span></div><span ><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 100%; ">Eramos tamanhos, bela, eramos semelhantes. À má sombra da vida que nos trouxe até ali.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 100%; ">Aqui, com o carácter a ferver-nos no sangue, e o discernimento a decair-te aos pés por de baixo do longo vestido. O acaso viu-se pobre.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 100%; ">E eu imundo, tanto para o teu peito, como para a minha cintura. De mãos nos bolsos.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 100%; ">A ser a mais do que tu aos teus pés, e tão mole para as minhas próprias costas.</span></div></span></div><div style="text-align: justify; "><span >Discernimento delas. Que te recusaram o teu sorriso, sem o meu.</span></div><div style="text-align: justify; "><span >Dado o golpe da boa sorte, a grande tela caiu. </span></div><div><div style="text-align: justify; "><span ><span style="font-size: 100%; ">E de </span><i style="font-size: 100%; ">nessa</i><span style="font-size: 100%; ">, passaste a descer dessa escadaria todos os dias da minha alma.</span></span></div><span><div style="text-align: justify; "><span style="font-size: 100%; " >Quando a há.</span></div></span></div>blackbirdhttp://www.blogger.com/profile/15969249462225704852noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2920997239388463701.post-26359358207258690762012-03-09T04:59:00.001+00:002012-03-09T05:10:38.304+00:00Ponto.<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcr-A2Ul27cXAFlfXqNPIjGq_Xrzx3sIcCI8ylFXTzHG6BGYUDZ7CnGYrdg2s297xcLfZnKFeE8Zqkg4PvULW5PO2EFUUnMejk2W28pudjTajB4kX1JWGBOLyGTFKwEvnNCy7RbQg0EVE/s1600/russell-young-dirty-pretty-mick.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 151px; height: 200px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcr-A2Ul27cXAFlfXqNPIjGq_Xrzx3sIcCI8ylFXTzHG6BGYUDZ7CnGYrdg2s297xcLfZnKFeE8Zqkg4PvULW5PO2EFUUnMejk2W28pudjTajB4kX1JWGBOLyGTFKwEvnNCy7RbQg0EVE/s200/russell-young-dirty-pretty-mick.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5717759039801646338" /></a><br /><span><span style="font-size: 11px; line-height: 13px; background-color: rgb(255, 255, 255); ">Acredito nos fedores e nos excrementos. Nos resíduos orgânicos. Tanto nos espirros como nos arrotos. Piamente.</span><br style="font-size: 11px; line-height: 13px; background-color: rgb(255, 255, 255); "><span style="font-size: 11px; line-height: 13px; background-color: rgb(255, 255, 255); ">Na porcaria, enfim. Porque a sua presença, prevê obrigatoriamente algo ou alguém. E em continuação desse, é parte integrante. </span><br style="font-size: 11px; line-height: 13px; background-color: rgb(255, 255, 255); "><span style="font-size: 11px; line-height: 13px; background-color: rgb(255, 255, 255); ">Não se trata, então, de obsessão pelo escárnio. Mas de escárnio pela obsessão.</span><br style="font-size: 11px; line-height: 13px; background-color: rgb(255, 255, 255); "><span style="font-size: 11px; line-height: 13px; background-color: rgb(255, 255, 255); ">O mediano e o melhor, são o que menos usamos com virtude. Uma busca enganosa da beleza, que oculta e desdenha a razão dos seus contornos.</span><br style="font-size: 11px; line-height: 13px; background-color: rgb(255, 255, 255); "><br style="font-size: 11px; line-height: 13px; background-color: rgb(255, 255, 255); "><span style="font-size: 11px; line-height: 13px; background-color: rgb(255, 255, 255); ">Lixo, porcaria, merda..., se arreliam, são só palavras.</span></span>blackbirdhttp://www.blogger.com/profile/15969249462225704852noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2920997239388463701.post-90126949474575988752012-03-03T07:31:00.007+00:002012-03-03T21:00:16.730+00:00Clara<span><span><span style="font-size: 100%; ">Quando de um punhado de convicções surge a deusa suprema</span></span><br /><span><span style="font-size: 100%;">Esta </span>delineia o divino aperto.</span></span><div><span><span style="font-size: 100%;">Falo-centros, costas quadradas</span></span></div><div><span style="font-size: 100%; ">Estão sufocados pela sua própria indignidade</span></div><div><span style="font-size: 100%; ">Dói</span></div><div><span style="font-size: 100%; ">a fé que todos desenham com um círculo</span></div><div><span style="font-size: 100%; ">É no centro onde ela se serpenteia</span></div><div><span style="font-size: 100%; ">Dói</span></div><div><span style="font-size: 100%; ">Esbelta, iluminada, lasciva </span></div><div><span style="font-size: 100%; ">Olha-os profunda e intermitentemente, </span></div><div><span style="font-size: 100%; ">como quem acaricia com as pontas dos dedos delicados e brancos, a sua pele</span></div><div><span style="font-size: 100%; ">Que agora suada deseja</span></div><div><span style="font-size: 100%; ">Cobiça mais do que tudo</span></div><div><span style="font-size: 100%; ">Viril, mais do que a cima</span></div><div><span>Com a força bruta da carne definhada à vontade</span></div><div><span>Tresanda o maior</span></div><div><span>Mais do que a vida ou a morte</span></div><div><span>Sem que essas a limitem à efemeridade da qual se serve infinitamente</span></div><div><span>É cego o círculo terreno e perfeito</span></div><div><span>Cega-nos a luz do imo</span></div><div><span>Das ancas, dos cabelos, dos seios</span></div><div><span>Das linhas do rosto do rigor </span></div><div><span>Pretensão </span></div><div><span>desacreditada pela loucura da realidade</span></div><div><span>Baixos, de testa no chão imploram, agora</span></div><div><span>Por outra mão de escuridade que lhes valha</span></div><div><span>Pois que já não podem mais crer</span></div><div><span>Não amam</span></div><div><span>O âmago é feminino</span></div><div><span>E também ele findou indecente, </span></div><div><span>Dando lugar agora ao brilho do sangue</span></div><div><span>Nada mais humano</span></div><div><span>Nada mais poesia.</span></div>blackbirdhttp://www.blogger.com/profile/15969249462225704852noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2920997239388463701.post-10108002106702477312012-02-24T06:14:00.009+00:002012-03-10T04:22:07.830+00:00Última<a href="http://www.casalperfeito.com.br/fotos/davinc1.jpg" style="font-style: normal; "><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 510px; height: 271px;" src="http://www.casalperfeito.com.br/fotos/davinc1.jpg" border="0" alt="" /></a><br /><span style="font-style: normal; "><span><span style="font-size: 100%; ">Nada para lá do veneno da penetração. A fenecer a sexualidade à clareza. Como se esta se servisse de bandeja. De seu cozinheiro esteta, e, também, porém, o sabor que vende não sendo o parisiense..., não, jamais. </span></span><span style="font-size: 100%; ">Um restaurante de largueza indefinida, de gente envenenada pela utopia do desejo. Do traçado.</span></span><div style="font-style: normal; "><span><span><span style="font-size: 100%;">Saibam...</span></span><br /><span><span style="font-size: 100%;">Comam, seus alarves! Comam!</span></span><br /><span><span style="font-size: 100%;">É veneno, se do outro lado do mundo, vos prometeram um prato de aspecto afim! </span></span></span></div><div style="font-style: normal; "><span><span><span style="font-size: 100%;">Se esse era bom..., porque então não guardaram de seus </span>excrementos? </span><span>Tardios ou certos, fedorentos ou de aroma suportável passageiro.</span></span></div><div><div style="font-style: normal; "><span>Vocês que guardam postais, leques, bonecas nazarenas e coisas de paniquetes...</span></div><div style="font-style: normal; "><span>Ele há fotografias, ele há memórias, ele há geografia e calendários!<br /><span style="font-size: 100%;">É veneno venderem-se, cabrões, filhos de gente com culpas de outros tempos!<br /></span></span></div><div style="font-style: normal; "><span>Usam-se de vocês, como quem usa as meias do dia anterior, porque estas não se vêem debaixo dos sapatos novos.</span></div><div style="font-style: normal; "><span>Como comer, sem morrer pela vergonha da vaidade? Como morrer envergonhado, com a boca suja e o estômago cheio?<br />De lado...com um sorriso? Deitado a espernear? Em silêncio? Recto e discreto?<br />Ridícula a morte. Ridícula porque vocês a sonham tal e qual o prato do qual nunca ganharam o gosto, pelo qual a réplica vos mataria, assim mesmo!</span></div><div style="font-style: normal; "><span>E a merda, afinal são vocês. Com promessas de especiarias do oriente, e colheres de prata.<br /></span></div><div style="font-style: normal; "><span>É Deus quem mais abandonou a sina humana. É Deus quem mais abençoou quem para dentro de si vivia.</span></div><div style="font-style: normal; "><span>E, afinal, o culpado é só o que sente culpa. Eu. O triste. O triste que não provou com vertigens e náuseas. Com vómitos e úlceras. Com mil razões para odiar a gastronomia. Para odiar foder. Como quem enfrenta o seu próprio medo. Ódio pela deslealdade que é o sustento do organismo.</span></div><div style="font-style: normal; "><span>É claro (e de claro, isto terá apenas a embriaguez), que depois do segundo prato, que depois de mim, que depois da foda, que depois do lixo das vossas recordações, para todos sobrará somente a morte.<br />Escolher a morte, ouvi-vos eu dizer...! </span></div><div style="font-style: normal; "><span>Não creiam escolher a vossa, quando foi pelo estômago que morreram.<br />Eu...sou só descontente. Igual.</span></div><div><span>Vocês que sonharam antes de mim..., deveriam me trazer histórias.<br />Histórias.<br />Não <i>Carochinhas</i> e recordações de prateleira.<br /><br /></span></div><div style="font-style: normal; "><span>Merda, o nosso ultimo suspiro.</span></div><div style="font-style: normal; "><span><br /></span></div><div style="font-style: normal; "><span>A ceia.</span></div></div>blackbirdhttp://www.blogger.com/profile/15969249462225704852noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2920997239388463701.post-35976587807048928932012-02-06T06:43:00.001+00:002012-02-06T06:46:58.343+00:00A Lua de Maria Sem - Fragmento I (de João Monge)<iframe width="480" height="274" src="http://www.youtube.com/embed/wuzReMZJw1E" frameborder="0" allowfullscreen></iframe>blackbirdhttp://www.blogger.com/profile/15969249462225704852noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2920997239388463701.post-35471621911659140762012-02-06T06:26:00.004+00:002012-08-10T02:38:37.879+01:00DLIW<a href="http://vidareal.files.wordpress.com/2008/02/1953_the_betrayal_of_images_rene_magritte-l400.jpg"><img alt="" border="0" src="http://vidareal.files.wordpress.com/2008/02/1953_the_betrayal_of_images_rene_magritte-l400.jpg" style="cursor: hand; cursor: pointer; float: right; height: 237px; margin: 0 0 10px 10px; width: 300px;" /></a><br />
<div style="text-align: justify;">
Se te trouxer como um quadro de Magritte de baixo do braço, trago-te como uma idealização minha. E na verdade, só te vendo através de mim, te poderei conhecer. Se te conhecer e te entender, perco a ilegitimidade suprema de te amar cegamente.</div>
<div style="text-align: justify;">
Assim, talvez com isso não te possa seguir pelo trilho inabalável do compromisso e do companheirismo inimputável. Mas jamais duvides que, uma vez conquistada, a minha fidelidade é tão maior quanto a liberdade da minha alma. Vive e morrerá comigo, numa suprema e mais humana certeza de, então, te pertencer. Contempla-me com a honestidade do teu corpo. Deixa-me poder tentar, e tenta-me a puder deixar. Agora que nos vimos.</div>
<div style="text-align: justify;">
E eu já gosto de ti.<br />Pois que isso só a mim me pertence.</div>blackbirdhttp://www.blogger.com/profile/15969249462225704852noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2920997239388463701.post-69866589570965261382012-02-06T04:51:00.017+00:002015-09-30T11:49:41.544+01:00Quinta estação<a href="http://fc00.deviantart.net/fs10/i/2006/110/e/8/Village_by_sican.jpg"><img alt="" border="0" src="http://fc00.deviantart.net/fs10/i/2006/110/e/8/Village_by_sican.jpg" style="cursor: hand; cursor: pointer; display: block; height: 300px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 500px;" /></a><span style="text-align: justify;">Com as mesmas perícia e doçura com que mergulhava no seu vestido fino e translúcido, salpicado de morangos cor de mel, ela descia as escadas para a rua, de manhã. O senhor Felício, na padaria de frente à porta numero 6, já a esperava todos os dias à mesma hora. A sua não chegada, que já antes acontecera, era sempre presságio de algo de nada bem-vindo no bairro. Qualquer coisa como aquilo que todos os velhos do jardim, donas de casa, jardineiros, merceeiros e até os vagabundos da praça, comentariam com a devida vizinhança por meio de susurros, não vá o diabo tecê-las.</span><br />
<div style="text-align: justify;">
Das primeiras e ultimas vezes que Astréia se recusou a aparecer por força de inconvenientes maiores, desgraças inconcebíveis se abateram nas mentes de todos os sobreviventes pacatos do pequeno bairro, onde vivia. </div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
Ora Astréia perdera sua mãe, por entre lamentos sentidos, e uma onda de negro luto de largo espectro sobre todos..., ora a viagem que fez com o seu pai para as bandas de lá norte, onde este ficou a fazer a vida, diziam, e de onde não mais voltou..., ora um dia incerto, do qual nunca ninguém conseguiu espremer uma lúcida e coerente teoria, que justificasse o facto de Astréia não ter aparecido pela manhã, nessa manhã, na padaria do senhor Felício, para comprar pão fresco e manteiga, como sempre fazia fielmente.</div>
<div style="text-align: justify;">
Astréia era assim. Dobrada gentilmente pela simpatia que todos nutriam por ela. Risonha e não se vestia nunca de preto. Todos a conheciam, como uma vaga luminosa que às ruas de terra batida dava uma rotineira alegria de Primavera com cheiro a fruta de pomar. </div>
<div style="text-align: justify;">
Sabia-se ser o seu vestido preferido, aquele mesmo, daquela manhã, nova manhã, translúcido, de saia rodada e manga balão, todo coberto de morangos cor de mel sobre um brilhante e claro tom de bege.</div>
<br />
<div style="font-style: italic; text-align: justify;">
<i>- Bom dia menina Astréia!</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i style="font-style: italic;">- Bom dia, dona Úrsula! - </i>respondia, com o seu modesto e sincero sorriso.</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
E continuava o seu caminho, a olhar o interior das janelas abertas, sem que através delas visse o que para lá delas era guardado. Havia qualquer coisa no esvoaçar das cortinas, no quebrar das portadas, no gemer da madeira dos velhos móveis das casas, que a faziam seguir rumo à vida, assim mesmo, despretensiosamente e sem qualquer motivo aparente.</div>
<div style="text-align: justify;">
Havia-o, era certo. Mas chegado o anoitecer, num recolher humilde e ambiente bucólico, Astréia regressava a sua casa com a mesma leveza com que a manhã a levou.</div>
<div style="text-align: justify;">
Nunca ninguém ali soube de onde vinha, ou para onde partia tão singela na sua perfeição carregada de proximidades desconhecidas. Contudo, e naquele mesmo lugar, com Astréia isso nunca foi necessário. Nunca antes se tinha ocorrido a tais gentes a vontade da curiosidade, ou o preconceito desocupado que lhes desalentasse o carinho que nutriam pela garota. </div>
<div style="text-align: justify;">
Que importa. Era ela. Talvez a quinta estação de um tempo nunca antes pensado, e que garantia a eternidade dos dias iguais, em tal terrinha.</div>
<div style="text-align: justify;">
Astréia, por sua vez, e chegada a outra passada manhã, não apareceu à hora de sempre à padaria de frente à porta numero 6, para comprar pão e manteiga.</div>
<div style="text-align: justify;">
Que se teria passado? Que terrível infortúnio estaria para vir, que causava tanto e tão comichoso mau estar por todo o bairro?</div>
<div style="text-align: justify;">
Os susurros perderam o eco, pois faziam-se existir em uníssono, emparelhadamente.</div>
<div style="text-align: justify;">
E dada a falta, não mais alguém soube o que quer que fosse de Astréia, onde todos os rostos se cruzavam com o dela, diariamente, aos mesmos pontos do Sol.</div>
<div style="text-align: justify;">
Que seriam dos morangos cor de mel? E do pão fresco e da manteiga?</div>
<div style="text-align: justify;">
Já que de Astréia, seria apenas o que Deus guardara e dará... Uma vez que o que deixara, fora a ambiguidade que é a comodidade do amor.</div>
<div style="text-align: justify;">
Afinal o passado, foi hoje mesmo. </div>
<div style="text-align: justify;">
E a sombra do anoitecer cobriu de novo os telhados daquelas casas, como se Astréia tivesse sido, afinal, mero segredo do Sol que se ia em silêncio.</div>
</div>
blackbirdhttp://www.blogger.com/profile/15969249462225704852noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2920997239388463701.post-86994257611979467972012-01-02T04:26:00.004+00:002012-08-10T02:45:57.982+01:00Passadiça<div align="justify">
<span style="color: #000066; font-family: trebuchet ms;">Quando a imaginação ultrapassa todo e qualquer relógio gasto, que se prega no alto da torre velha de uma igreja, a base de verdade está ganha, porém a ideia de felicidade, perdida.<br />O cepticismo transforma-se numa substancial defesa com um elegante vestido preto de noite. Num desfiladeiro encalcetado de crenças calcadas pelo orgulho da realidade.<br />Acredito no teu caderno de letras, tanto como no ridiculo das suas páginas. Tenho os bolsos cheios. O casaco roto. Tenho frio. </span></div>
<br />
<div align="justify">
<span style="color: #000066; font-family: trebuchet ms;">Cai-se-me o carmo e trindade sem mais lixo ou sequer Cristo. Apesar do fedor e das suas chagas me cravarem o peito de derrames vãos. Mas que combinam perfeitamente com a confortável camisola vermelho sangue, de gola alta, que hoje visto.<br />No amanhecer de todos os dias, dispo-me inteiramente de pudores. Conjecturável sensualidade. Porque o que me veste é a vergonha da existência, não a roupa que me guarda.</span></div>
<br />
<div align="justify">
<span style="color: #000066; font-family: trebuchet ms;">Posso jurar a pés juntos, que consigo fazer-me feliz, assim. Só assim. Tanto assim. </span></div>
<br />
<br />
<br />
<div align="justify">
</div>blackbirdhttp://www.blogger.com/profile/15969249462225704852noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2920997239388463701.post-88594793795483039282011-12-09T08:13:00.004+00:002019-07-05T20:16:05.103+01:00Tirania<div style="text-align: justify;">
<span style="color: rgb(153 , 51 , 0); font-family: "trebuchet ms";">Na calamidade do que nos une, acredito tão somente que parto para te ver e sofrer de seguida. Numa promiscua busca de auto-flagelo, determinada pelo prazer incorpóreo.</span><br />
<span style="color: rgb(153 , 51 , 0); font-family: "trebuchet ms";">Não é verdade se disser que a paixão se tece pela faca lapidada de tal injuria. Mas também não é verdade que tenha a quem o dizer. Porque não tenho, ao não o querer fazer.</span><br />
<span style="color: rgb(153 , 51 , 0); font-family: "trebuchet ms";">É um sufoco que é meu, e nem me tentes, porque não o vendo. E ignorares a sua existência não determina qualquer solução.</span><br />
<span style="color: rgb(153 , 51 , 0); font-family: "trebuchet ms";">Procuras soluções sim. Como qualquer ser que reclama e que se despenteia. E pouco me importa ainda se tal filosofia de algibeira, se perde entre nós. Entre o meu peito e as tuas costas dobradas e largas. Pois mais não é, que só isto. Isto.</span><br />
<span style="color: rgb(153 , 51 , 0); font-family: "trebuchet ms";">Nem em nome do veneno, eu me sinto atingida, depois de ti. Depois de ti, fica a mera estupidez das ignorância e ausência. Como quem sai num dia deserto. Ou se casa num dia que se faz em tempestade colossal.</span><br />
<span style="color: rgb(153 , 51 , 0); font-family: "trebuchet ms";">O assombro de ideais que não nos pertencem. Que não me pertencem. Que ficam a meio caminho, que se estende a parte alguma.</span><br />
<span style="color: rgb(153 , 51 , 0); font-family: "trebuchet ms";">Rogo-te, nesta farsa, um pouco de dignidade. Peço-te as mãos sujas no meu corpo até amanhecer. A tua língua a desenrolar em mim, e a explodir entre as minhas pernas, sem exagero de causa. Clamo-te uma sacudida maior, intimidando o prazer a um mero conceito disperso fora da nossa porta. Nossa por horas. Que nunca, jamais, mintas verdade para me poderes olhar à distância. Sê a ti, sem mo pedires, num qualquer vácuo mental incompreensível.<br />Ou então, andemos a par e nos olhemos com alegria insolente. Só.<br />E só.</span><br />
<span style="color: rgb(153 , 51 , 0); font-family: "trebuchet ms";">Desta desfeita, depois do que vier, ignora-me. E fá-lo com calamidade. Aqui, daí, na rua. Com eles. Sem eles também. </span><br />
<span style="color: rgb(153 , 51 , 0); font-family: "trebuchet ms";">Condignamente...</span><br />
<span style="color: rgb(153 , 51 , 0); font-family: "trebuchet ms";">Condignamente.</span><br />
<br />
<span style="color: rgb(153 , 51 , 0); font-family: "trebuchet ms";">Fico-me sem me honrar, na espera da próxima. Invariável. A dar-te tudo assim, sem me fazer rogada.</span></div>
blackbirdhttp://www.blogger.com/profile/15969249462225704852noreply@blogger.com0