sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Aos Papeis


Entreguei as folhas de papel a cada um. Todas elas em branco. E foi tão bom ver as pinturas que cada qual fez em cada página
branca que lhes ofereci... assim, presente, assim...uma só em modo singular, suporte plano para as amostras das pequenas dimensões paralelas de todos eles. Deles.
Alguns, para além do mais, ainda me deixaram uma pequena mensagem em rodapé, que nunca li. Outros, deixaram apenas um descuidado risco a lápis, mais pérfido do que eles alguma vez poderiam supor.
Ligo o ferrugento candeeiro de mesa, e foco-o naquela torre de papeis usados, queimados e imaculadamente chorados...E mais uma vez..., mais uma vez..., não passa de mais um monte de lixo sem calor sobre a larga mesa de madeira. Uma muralha de prenoções que me cega ao mesmo tempo que me faz princesa.
Falta-me a folha branca. A virgem. Virgem de vocês, que não toquei. Essa. Essa mesma... que se esqueceram de me entregar a mim.

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