segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Miss Mi

O seu corpo queixava-se dos passos a mais que deu, por ignorar o eterno caminho.
Estava agora curvado, dorido, enegrecido, glacial por entre as articulações que já nem entendiam os impulsos nervosos.
Sobrevivia entre a teima da falha, e o limbo da vitória. A miserabilidade da possibilidade de ganhar assobiava ao seu redor, e ela sepultava-se naquela quantidade sufocante de chuva.
Queria poder gritar o que faltava. Chegava perto de todos os que a chamavam e com um leve toque de varinha, iluminava-os. Queria-os, e com a sua longa capa negra salpicada de estrelas brancas, cobria-os, serena. Afagava-os com o negrume de veludo, e olhando-os de cima, protegia-se a si mesma. Escondia-se atrás deles, e eles não mais ficavam que protegidos pelo véu da noite.
Inimputável ela ficou no outro, qualquer caminho, muito antes de os encontrar.
E com o velho sorriso tépido das restantes cores, despediu-se deles já no horizonte.
Ao virar costas, sabia que os ia voltar a ver, outra vez..., mas nunca melhor.

Imagem em Deviantart

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