sábado, 10 de outubro de 2009

Paradoxal do meu berlinde


Se eu disse que quero gostar, parem de bater!!
Tirem-me os cacos e o montão de coisas agora improfícuas do meu alcance!!
Tirem!!
Elas sempre foram feitas de coisa nenhuma, quando lhes pegava absorta nesta sala.
Tirem-me as coisas da frente e vão-se embora.
Quero escorregar pelo chão como um demente tresloucado!
E arranhar o fundo da minha garganta!!
Engolir a língua!!
Rir-me alto e a plenos pulmões das portas que vocês trancaram com receio de mim, pensando que eu não daria por isso. Ahah...!
Vá! Saiam da frente!
Porque têm de passar agora por aqui, se nem precisavam de vir à sala?!
Vai para o teu quarto!! Sai com eles! Passa pela cozinha!!
Deixa-me.
Se aqui vieres lanço-te um sorriso franco, sim, pouco convicto, mas impenetrável, sim!
Irias preferir um rosnar.
Vai.
Vão.
E tirem-me tudo da frente.
Sejam felizes de hoje para amanhã, venham com o cheiro que vierem.
Sim, porque vocês voltam não voltam?!
Eu quero estar sozinha, que adoráveis quatro paredes!!
Não vou ter de me calar quando chegarem de madrugada pois não?!
Nem arrumar pois não?!
Nem de me vestir, nem de me lavar, pois não?!
Não quero!!
...Vocês voltam não voltam?!
É que, esqueci-me de me arrastar.
Para que é que afastaram tudo de mim, se eu cortei as minhas próprias pernas?!
Maldita vida que me mato se mas tiras, se me impedes...!!
Ah, tudo bem, ainda as tenho, estão comigo! Ahah...!
E a casa esta deserta, as coisas longe de mim, os gritos por debaixo dos móveis, e o lixo espalhado pelos compartimentos para lá de mim...!
Estou eu, e inteira.
Esta tudo!
E agora mais, os passos, e os fantasmas, e as pirâmides translúcidas em cada canto escuro...
E agora..., e agora já posso ter-me.
Já posso redigir-me.
Já posso que ninguém vê!!!
E agora..., já agora..., quando chegam de novo a casa...?
____

...E irei beber, irei beber o que não bebi, o que bebi e o que quero provar outra vez, pela primeira vez!

Imagem em
Deviantart

2 comentários:

astolfo disse...

Tivesse o paradoxo a coerência da loucura, não o veria nunca como mais uma (in)capacidade da mente.

bjo

Anónimo disse...

Também me sinto muito à vontade quando estou sozinho... À vontade de mais, se calhar...