sábado, 12 de junho de 2010

Sopro...

Eu sou digna do pontapé do retiro.
E isso é excelente.
Oh, não faças de mim objectivo, não...
Que com isso perco o rumo. E se me derem presença constante careço de ausência.
Não quero perder a cor.
Nem saber-me aqui. Com quem quer que seja.
Não percas o brilho com a certeza tosca que nada tem. Que nada usa. Que com nada joga.
Não te limites a olhar-me.
O meu cheiro sente-se de surpresa.
As tuas mãos são o volume do que és. Assim.
Não deixes que te empreste o que amanhã te vai pesar...
Sou mesquinha ao ponto de to cobrar em tecido de linho tingido de ironia e mofo...
Há mais. Quero saber que há mais que eu.
Deixa-me por-me em causa. Deixa-me ficar sem argumentos.
Deixa-me pedir-te.
Quero pedir-te!
Não preciso de te puxar pela gravata para me sentir mulher.
Apaixono-me pelos calções rasgados que caminham em direcção ao vento.
E o vento, não tem destino.
E ainda assim..., sopra e não pára quando abraça.
Não faças de mim chão, que eu quebro.
Não faças de mim amarelo, que eu sou um camaleão.
Olha..., o Sol nasceu de novo... E agora?
Nem te atrevas a responder-me.
Shiu... Ao ouvido.
Até à próxima vez.
Assim.
Delicado e bem gizado, a boiar firme sobre o lago. Como uma flor de lotus.


O amor dá-me tesão.
Manuel Cruz


Imagem em Deviantart

1 comentário:

Samuel Vidinha disse...

Está na moda mudar o estilo do blogue... (como quem diz: tenho passado por cá)