segunda-feira, 26 de abril de 2010

Ontem


Oh ancoras, que só vos reconheço nos demais! E admiro-os tanto a eles, sem admiração profunda.


Hoje, porque estava ébria, desejei no costume intermitente e obsessivo, beijar os seus lábios em volúpia agonizante. Descomprometida. Final. Tão somente!

Morder o seu pescoço em finito arroubo, e bafejar-lhe o interrompido e desequilibrado silêncio na pele húmida...
E mais uma vez, não o tinha ali.
Talvez o ame, em jeito de Pretérito Imperfeito. Talvez me exile nas suas palavras desprovidas de presença. Na hipótese. No desejo de suposição acumulada, que não procura explodir. Verdade.
Sou azeda de verdade!
Trago-a, a verdade, como farrapos de algodão doce na minha alma tão martirizada quanto impune, e dela nada ou pouco sei.
Consistência do algodão doce. Azedo.
Azedo de sabor.
Azedo de essência.
Vertiginosamente e legitimamente azedo!

Estou deserta.

E como o deserto é cheio de mistério e de provocação....! Densidade real, divina!
Quero ser deserta, e saber da infinidade do horizonte.
Não quero empobrecer, e saber-me composta.
Não nos quero assim.
Eles são tão previsíveis e felizes...
Adoro-os em tom sereno, sem carinho. Pois apenas equivalem-se-me em mundo igual.
Eles estão certos, sem que haja o certo e o errado.
(Des)compensaram-me com remos, e eu redemoinho em mares de fracas tempestades.

Quero tê-lo. E sou incapaz de apurar em mim a sua verdade, face à sua figura caduca.

E porque não se lixam os padrões do que sou e do que é, com orgulho, só porque quero tê-lo?!
Quereria eu isto?
Que se lixem orgulhosamente estas e as outras questões!
E que se lixe o orgulho sentido!
Tudo é como se faz.

Não estou perdida. E antes tivesse tal capacidade.

Talvez, no caminho da mais jocosa carência o encontrasse.
Mas não preciso de cobertores.
Nunca precisei.
Gosto do azedo frio de mim.
É fogo de dentro.
E do completo não sou capaz.
E do quase completo, não posso.
E do completo..., não consigo ver.
Porque eu, sou só eu
De entre tantas...
Sem a capacidade imprudente de ser, tão somente, ditosa.


Não vou discutir cérebros, só porque, em sentido literal,é ponto comum e adquirido por toda a gente.

Saudades do sentido literal.

Foto em Deviantart

1 comentário:

João Ricardo disse...

"E um sonho do que se poderia ver se a janela se abrisse, Que nunca é o que se vê quando se abre a janela." Tal como as histórias príncipes cavaleiros e princesas!