Eram tantos pelos quais lutavam em desaforo. Tantos quantos os que se encostavam, ao fim da tarde, à grande falésia, a fumar coisas de alto valor de descompensação por parte do mundo. Coisas caras, de acesso odeante, que os traziam à companhia uns dos outros, na solidão enfatuada pela desafectação da vida.
Lutavam em desaforo por tantos. Contavam-se pelos dedos, a cada dia que passava, o que procuravam de cada um, filosofando sobre o amor.
Era o fumo ou o peso. A intoxicação da facilidade. A leveza frágil, que se vendia a tantas oportunidades vazias.
Eles eram demais. Literalmente demais.
Demais no que faziam. No que não queriam. No que ouviam. Para onde iam.
Eram demais.
Eram demasiados para serem bons.
quinta-feira, 28 de junho de 2012
sexta-feira, 8 de junho de 2012
Outra vez
De frente para o sol, todos seremos mais claros.
Uma contra-luz da alma, e um alvejar da tez e dos sinais.
A noite almeja a nossa carne, delineando-a de saborosos enganos, e traz-nos de novo pela manhã.
E aqui estamos nós.
Quem é quem, para dizer que não dormi esta noite.
Que não somos a cara feia que vêem. As rugas, o amarelo e as olheiras.
E quem as trouxe.
Todos falam da solidão com piáculo, e que sabem eles dela na companhia...
Todos renascem da sentença, quando as horas contam o final.
E todos nós. E todos qualquer coisa.
E em todos os tempos, há poemas da noite e de alvorada.
A trivialidade não é melhor por ser poetizada. Mas por ser.
Uma contra-luz da alma, e um alvejar da tez e dos sinais.
A noite almeja a nossa carne, delineando-a de saborosos enganos, e traz-nos de novo pela manhã.
E aqui estamos nós.
Quem é quem, para dizer que não dormi esta noite.
Que não somos a cara feia que vêem. As rugas, o amarelo e as olheiras.
E quem as trouxe.
Todos falam da solidão com piáculo, e que sabem eles dela na companhia...
Todos renascem da sentença, quando as horas contam o final.
E todos nós. E todos qualquer coisa.
E em todos os tempos, há poemas da noite e de alvorada.
A trivialidade não é melhor por ser poetizada. Mas por ser.
segunda-feira, 4 de junho de 2012
Sequer
Julgava-te numa emboscada entre a
lucidez e a deliberação.
Choro
não é pranto.
Julgava-te a dar-me a opção de auxílio. Deitado na teia do amuo, e
de cabeça encostada ao quadro do deserto que ilustras, desde que te fizeste
gente que reconhece a vontade como uma falta constante.
Tanto que acabei por cometer o único erro de entre os tantos
inúteis que poderia cometer;
Julgar-te, enquanto me pensavas à medida dos teus horizontes do
ócio.
Reduzi o meu critério à gentileza larga do teu imaginário
ocasional.
E pós
leitura, fica o prelúdio nas costas das paredes das casas dos outros.
Outros quaisquer
que me traem, sem que eu os saiba.
O
julgamento é e será sempre uma coisa séria. O vínculo, que esquecido, deixa
sempre um rasto de sangue onde ninguém pode determinar.
Sem
querer, julgo então lúcida a tua indolência.
E estou
eu em apuros, baixa.
A pena perpétua é exclusivamente minha.
À minha própria extinção..., num
espaço nulo, forjado dentro de mim.
Lá
dentro, lamento-te. Lá dentro é lamento.
Pareces-me
ardente, e lá não há fogo.
Pareces-me
alto, e lá não há vertigens.
Pareces-me, e nem existes.
Pareces-me, e nem existes.
Imposição
negra, no centro assimétrico.
Ou não
fosse o meu egoísmo tão pouco audacioso, sem termo desonrado de
comparação.
Sou
aquela que chora pelo juiz, e não pelo acusado.
Porque
choro não é pranto.
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