segunda-feira, 4 de junho de 2012

Sequer

Julgava-te numa emboscada entre a lucidez e a deliberação.
Julgava-te a dar-me a opção de auxílio. Deitado na teia do amuo, e de cabeça encostada ao quadro do deserto que ilustras, desde que te fizeste gente que reconhece a vontade como uma falta constante.
Tanto que acabei por cometer o único erro de entre os tantos inúteis que poderia cometer;
Julgar-te, enquanto me pensavas à medida dos teus horizontes do ócio.
Reduzi o meu critério à gentileza larga do teu imaginário ocasional.
E pós leitura, fica o prelúdio nas costas das paredes das casas dos outros.
Outros quaisquer que me traem, sem que eu os saiba.
O julgamento é e será sempre uma coisa séria. O vínculo, que esquecido, deixa sempre um rasto de sangue onde ninguém pode determinar.
Sem querer, julgo então lúcida a tua indolência.
E estou eu em apuros, baixa.
A pena perpétua é exclusivamente minha.
À minha própria extinção..., num espaço nulo, forjado dentro de mim.
Lá dentro, lamento-te. Lá dentro é lamento.
Pareces-me ardente, e lá não há fogo.
Pareces-me alto, e lá não há vertigens.
Pareces-me, e nem existes.
Imposição negra, no centro assimétrico.
Ou não fosse o meu egoísmo tão pouco audacioso, sem termo desonrado de comparação.


Sou aquela que chora pelo juiz, e não pelo acusado.
Porque choro não é pranto.

Choro não é pranto.



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