quinta-feira, 4 de março de 2010

De mais que o riso


É o exagero que brota prisioneiro nas minhas costelas! É do exagero que subtraio o bom tom! Sim..., o incerto da corda certa. A corda que me dança o corpo numa calmaria que em hipérbole, grita-vos a minha angústia.

Contaram-me, que as grutas e cavernas..., que o choro e a podridão..., a solidão e o queixume..., eram, esses, cordas do diabo. Sonhos desfeitos e malogros do fado e da astenia.
Juraram-me que a abstinência e a morte..., eram comparativas ao abismo. E que o abismo terminava-te o horizonte, numa queda a peso total, gravidade absoluta sobre um corpo impotente. Em jeito de fim, afirmaram-me o negativismo como o tempo perdido da tenra idade, da debilidade do sonhador ingénuo ou do vencido.

Fim, limitavam-me eles... Alucinação feliz, a constante contradição dos problemas simples, retorquíam-me eles.
É com exagero que vos digo que a mim a verdade pouco me diz. E que a mentira tem a perna tão comprida quanto a ilusão da vida.
Falo demasiado de mim, e de mim não conto nada, e de mim enveneno-vos com o supérfluo e com o gasto. E de mim... O que importa de mim?
O que vos importa de mim, se de mim, eu não tiver o que de pior julgais?
Com exagero contei-me uma vez e outra, que com todas as cores se faz o negro.
E quão brilhante o negro que a angústia me dirige a conquistar!

E a quem porventura me ler; não se debrucem..., é exagero!
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Sigilosamente, a overdose cíclica dá-te de novo o seco estalo.
Aturdida, paras.
Ris. Ris com vontade, sem a subtileza que te ditam. Sem o motivo que te cravaram na testa.
Mas com a subtileza do exagero. O exagero de quem tem igual orgulho em chorar vigorosamente.


Imagem em Deviantart

1 comentário:

Anónimo disse...

Eu estive aqui e li e apreciei, sua poetisa... Gostei principalmente desta frase: "Com exagero contei-me uma vez e outra, que com todas as cores se faz o negro." 'Tá bonito. Beijo