terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Dear...


Não te quero. Quero-te bem da maneira errada.
O que chega a ser praticamente o oposto.
Ao contrário do que seria saudável, o que faço muitas vezes não é directamente proporcional com o que desejo, não.
Esboroo sentimentos, fluídos, olhares, toques, desejos animalescos e carnais. Cérebros e educações, princípios e corações, limites e convicções. Estórias, paixões, motivações, razões, falta delas... Torno tudo ridiculamente possível com base num jogo mental sem sentido nenhum.
É efémero.
É assento substituto. Já quente. Frio de mim.
É canto escuro.
É quilómetro percorrido.
E depois fico assim.
Sem argumentos, sem razão, pequena.
E mais que isso, não preciso deles para saber o que não te posso provar. Nem quero.
Exijo-te reacção e depois fazes-me desaparecer.
Engulo-te as palavras e depois desapareço.
O meu brilho é brilho de Lua.
É o brilho dos outros e de ninguém. Não julgues que é meu.
As mãos que te sufocam descontextualizadas tal como vieram, partirão vazias.
Vendo as cochas, os cabelos ao desenho ténue dos dedos que leio, dos quais tenho medo.
Mas o meu medo não tem preço.
Não tentes saber, não tentes emoldurar as minhas atitudes baixas, e reles, e pequenas.
Tu, não sabes nada.
Eu nada sei. E do nada sei eu.
Trago os restos dos acasos comigo.
Sou os bancos escondidos do comboio. Sou desfile nos corredores.
Sou vagabunda, e como quem pede pelas ruas da cidade, sei que o segredo é viver sozinho para sempre. E isso não se partilha.
Não te quero. Quero-te bem da maneira errada.
O que chega a ser praticamente o mesmo.
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Foto retirada da net

1 comentário:

Anónimo disse...

Adorei este!Adorei e por isso não acrescento mais nada ao meu comentário.

Diogo