Contei-lhe.
Todos os dias, a via nua de frente ao espelho, a medir as proporções apenas dos seus pés que, dizia ela, se deformavam à medida que o tempo e a vida lhe faziam o íntimo mais feio e imbecil.
E eu, nunca lhe diria que os seus pés eram perfeitos e os mais belos que alguma vez vira. Jamais a obrigaria à minha intenção tão tensa e obtusa de a amar. Ainda que fosse verdade.
Contava-lhe as ilusões do corpo, como histórias para adormecer. E antes de adormecer, sorriamos sem nos lembrarmos de nada. Soltos dos braços um do outro, e de pés cruzados no desajeito da mútua presença tão sublime, ao fundo da cama.
Nunca fomos dos que precisavam de acreditar.
1 comentário:
Bela imagem!!!
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