quinta-feira, 10 de março de 2011

Mais um

De repente, o já amorfo sabor da carne na minha boca seca
Eu, sendo lúcida, mas não clara

Não sendo o peão, nem
o herói
De repente, e outra vez

Coisas aleatórias de coisas

Sabe mal

O cheiro fétido deste agrado pela distância
Distante do que toca

Perto da distancia do que nunca esteve perto

E sabendo que pertenço ao prisma universal

Lamento, mais que o vagabundo que invejo,

Tal singularidade comum

Tal sexualidade vã

Tal compromisso sem cama
Os lábios estalam do que não fui mais capaz de lamentar

Nesta banalidade discutida

Mas sempre sem condenação justa

A elegância e a brutalidade que me assomam

Tornam-me árida como um deserto africano

E lá bem no meio

No exotismo do âmago negro e profundo da minha pélvis

Os meus gemidos e suor

Que, ainda que nunca simulados

Nunca me saciaram a sede

Nem alguma vez deram a beber
E por fim,
(É fácil dizer E por fim...),
Em jeito de trocadilho previsível

Sabe bem

Morrer de sede

E chegar ao fim da viagem
Aquela que ficou por fazer

1 comentário:

Miguel Guimaraes disse...

''E chegar ao fim da viagem
Aquela que ficou por fazer''

(suspiro)

mike