sábado, 16 de outubro de 2010

(11:26h em Évora, 2:28h no Dubai...)

Enfrentar-te através do perfume de outra pessoa que por mero acaso se sentou ao meu lado, faz-me lembrar que desafiante teria sido ter-me ganho, quando estava contigo.
Não foi assim.
Lembras-me algo a que nunca recorro e que é valiosíssimo.
Lembra-me do conforto que um dia foste, no tempo que foi. Do banco grande do teu carro. Do calor do teu aquecedor. Da distância tão curta entre a tua mesa e a tua cama.
Do teu peito tão disponível e reservado.
Da tua pele transparente, que fingias em vão ser resistente e densa.
Da maneira como desafinavas sempre tão presente.
Estabilidade quieta e injusta.
Da tua vergonha de rir, impaciente.
Lembra-me de como eramos novos demais. Lembra-me de como ainda não sabia como e o que jogar em mim.
Faz-me querer esquecer que uma vez já tive padrões maiores, e que afinal, hoje, não me dizem nem me são nada.
Faz-me querer ter-te pedido desculpa na altura certa.
Mas isso, teria sido antes de mais..., pedir-te desculpa por ter tentado ser-te sincera com tanta ignorância.
Eras demasiado saudável e feliz para mim.
E disso retirei hoje o total valor..., no perfume da camisa de alguém que por acaso se sentou no café ao meu lado.
O perfume que tu usavas.
Comum, bom, quente, mundano. Lareira no Inverno.
O conforto, que não era inútil.
E que, então, não o foi.

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