segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Escolher palavras é inútil.


É inútil. É negar que foi aqui que nasceram os meus vícios e que esta, é parte de mim. Que é aqui que vivo com tudo o que é a mais do que preciso. Que é aqui que me deito numa cama impersonalizada junto a uma parede pré-fabricada. É inútil negar-me. E dizer mal de tudo ao qual recorro todos os dias ignorando, distraída, a fonte.

Como esfomeada os ponteiros do relógio, os quais já não consigo ouvir. Perdeu-se o “tic-tac” das minhas metas. Perdi-o, provavelmente pelo caminho, atabalhoadamente, pois, confesso…, no meio de tantos arranha-céus e prumos já não sei de onde vim.

Tropeço constantemente em janelas virtuais e consigo pistas, e mapas, e, aqui e ali, até consigo franzir o sobrolho quase indignada com os acidentes que acontecem no resto do mundo.

É inútil dizer que não sou eu que ignoro as notícias. De quem foge e quem invade. De quem perde, e quem acaba. Tenho tudo quando estico a mão. Que mais posso eu simular querer?

Paz. Confesso que às vezes em segredo simulo paz. Ensinaram-me a simular, não será difícil. Não será difícil simular emancipação, interesse, humanidade até … E paz? Três letras de significado, ninguém dará pela sua falta…!! Paz…, ainda procuro paz.

O meu coração está aos pulos. Até quando a minha esperança será posta à prova? Até quando esperará no cais? Por quantas provas terá ela de passar?

Aqui, no meio de malas inúteis que enchem o ar de meias, cuecas, que voam entupidas de dinheiro, do nosso dinheiro que reservamos duramente para investir em coisas… Coisas, e grandes coisas e mais coisas e mais aquela coisa…! Esse dinheiro que viaja na bagagem da impunidade, e eu, não consigo mais!

Quantas vezes a minha confiança será posta à prova? Quantas justificações terei eu de reunir para poder ter uma ideologia?

É certo que tempos difíceis existem para aperfeiçoar o noviço, mas não é certo que a mentira comodista dos maus cidadãos venha esmurrar-nos o nariz.

Afundo o meu coração, e mergulho na luz regada ao conselho simples dos meus princípios. A minha essência a eles lhes deve agradecer. E eu esqueço-me.

E no meio de tanto esquecimento esbanjo palavras inúteis, numa diarreia verbal e fútil. Sou eu. Somos nós.

Se um dia eu souber, de facto, ouvir o silêncio, serei o meu próprio túmulo.

Se um dia eu aprender a viver do nascer do Sol, o meu sorriso não será mais parasita da luz dos fragmentos dos demais.

Se um dia, eu plantar a música em sementes no chão para além do cimento, serei dança e não sentirei mais as dores da sobrecarga.

Invejo-vos sem mesquinhez. Vocês, Oriente limpo de porcaria metálica do século XXI! Oriente, que olham a Natureza de frente e como igual e não como rival. Vocês que não sabem o que é viver de Se/s, e traçaram um caminho, o vosso;

De sabores, cheiros, sons, âmago, sumo e força viva!

Paz…, afinal existe paz.

Paz, é amar com integridade total. Amar a Natureza pura e crua, com a entrega sublime suficiente para que, para além da mesma, nada nem ninguém mais tenha o poder de nos matar.

Vocês são tudo isso, e na injustiça do sofrimento, envergonham-me.

Hoje, simulei descobrir o significado de paz. Porque sou demasiado cobarde para o cumprir.

2 comentários:

cristina disse...

há aqui algo da elisa!

blackbird disse...

Há muito! Duas ou três citações "chapadas" praticamente, tendo em conta todo o sentido que procurava.
Obrigada Elisa!
;)