Vivia em crer que sabia ser
Permanecer e perecer mal fosse preciso
Num qualquer mal menor
Um sonho incrível, hilário
Ou uma outra variedade de amor
Cria e sabia poder ser
Aquando chegasses manifesto
Para te pedir que ficasses
Pedir que te fosses
Antecipando o medo de seres tu
A precipitar o futuro
Que em ser, guardava como mais nada
E esperava, sentada,
ao vê-lo mexer-se dentro de mim
Que me dissesse porque parava
Quando minh'alma era um arlequim
nos intervalos da verdade que procurava
Nunca soube bem quem me vias ser
E vivia em crer que era, antes do excesso
O futuro que só eu podia prever
E que retardava pelo peso
Pesava-me ser,
E cria porque sabia,
Sabia em mim que futuro não havia
Se eu vivia para o prever
Ou o usasse quando esquecia
Em nada te tinha, e tinha-te em tudo
Mas em metade de mim tinha-te mudo
E na outra metade eras tu quem ditavas,
Que mandavas e desmandavas
Esta alma etérea e parva
Que de entre variedades de amor, queria todas
Mas em nenhuma podia perder o que conhecias
E a ti;
Pois que agora tu c'rias saber
E eu que percebi,
precipitei-me em viver
quinta-feira, 26 de março de 2015
sábado, 20 de setembro de 2014
- Estás a ver aquilo ali ao fundo?
- É verde.
- Sim... E estás a ver o que é?
- Hum... Um sapo?
- Não...
- Uma rã?
- Também não. Olha lá melhor.
- Um tufo de musgo. Sei lá Sérgio. A forma não ultrapassa a cor.
- Se vires um vulto na parede, não sabes qual a sua cor.
- Sei. Sei a cor da sombra. Do vulto em si na parede.
- Ok, mas não percepcionas a cor real do corpo...
- A forma será, então, menos falaciosa para a nossa percepção...?
- Se em perspectivas distorcidas, pode muito bem ser mais falaciosa do que a cor.
- Bem... então a cor será facilmente alterada, para os nossos olhos, sob infinitos condicionantes, como a luz...
- Certo, mas o que tu vês primeiro de ambas?
- Vejo o engano.
- O engano?
- Sim. E a futilidade de não se acreditar no que os nossos olhos vêem à partida.
- Não te questionares é acéfalo, e isso sim enganoso.
- E a nossa ambição fútil.
- É fútil querer saber?
- É fútil querer o que quer que seja para além do facto de termos a capacidade de podermos querer.
- Mas se a capacidade nos foi concedida, porque não usá-la?
- Quem a deu?
- Sei lá! A condição! A vida!
- Então é a ela que temos de prestar contas, e apenas nos limitarmos a viver, sem mais.
- Vais viver sempre em contradição, Ema, tu e toda a gente...
- O verde fica bem com o quê?
- Com o amarelo de um limão.
- Então é isso que vamos fazer hoje. Apanhar limões por aí.
- Roubar?
- Qual quê! Apanha-los, e junta-los ao verde daquilo que eu não faço ideia do que é. Mas que se tornou importante, desde que tu mo referiste.
- É verde.
- Sim... E estás a ver o que é?
- Hum... Um sapo?
- Não...
- Uma rã?
- Também não. Olha lá melhor.
- Um tufo de musgo. Sei lá Sérgio. A forma não ultrapassa a cor.
- Se vires um vulto na parede, não sabes qual a sua cor.
- Sei. Sei a cor da sombra. Do vulto em si na parede.
- Ok, mas não percepcionas a cor real do corpo...
- A forma será, então, menos falaciosa para a nossa percepção...?
- Se em perspectivas distorcidas, pode muito bem ser mais falaciosa do que a cor.
- Bem... então a cor será facilmente alterada, para os nossos olhos, sob infinitos condicionantes, como a luz...
- Certo, mas o que tu vês primeiro de ambas?
- Vejo o engano.
- O engano?
- Sim. E a futilidade de não se acreditar no que os nossos olhos vêem à partida.
- Não te questionares é acéfalo, e isso sim enganoso.
- E a nossa ambição fútil.
- É fútil querer saber?
- É fútil querer o que quer que seja para além do facto de termos a capacidade de podermos querer.
- Mas se a capacidade nos foi concedida, porque não usá-la?
- Quem a deu?
- Sei lá! A condição! A vida!
- Então é a ela que temos de prestar contas, e apenas nos limitarmos a viver, sem mais.
- Vais viver sempre em contradição, Ema, tu e toda a gente...
- O verde fica bem com o quê?
- Com o amarelo de um limão.
- Então é isso que vamos fazer hoje. Apanhar limões por aí.
- Roubar?
- Qual quê! Apanha-los, e junta-los ao verde daquilo que eu não faço ideia do que é. Mas que se tornou importante, desde que tu mo referiste.
quinta-feira, 3 de abril de 2014
sábado, 25 de janeiro de 2014
Pai de V
Que da barriga se paria, como a ela e varada.
Largo corte pélvico em função dos três kilos e meio.
Quem é gordo, terá perdão?
Saiba que até foi planizada
Fodida para ser, após precedente móvito
E para com su' irmã pôr um agapanto na orelha
Pela causa afeita da vida de quem mora numa casa
E nos porta-retratos
Quem aparece, será pela centelha?
Sentou-se longe e se masturbou
Ouviu tipos de alardes e de veras abortadas
Sangrou por entre as pernas
Anovelou-se cruciante, de cabeça no colo
E punhos fechados
Quem molesta, sai?
A padecer, sentada, romantizou a genética
E fez dela sua pantalha
Descrição oriunda da fenda do seu aniversário
Quem nasce, casa?
E se(m) casar, morre?
Merece por tudo e de novo, a porta que a deu(?)
Deus sabe o quanto lhe desejei o gosto por existir
E por me fazer partejar
E por me fazer suprimir
Até que ela se feche.
Que há uma ameaça para fora.
Que há uma ácida intrepidez para dentro.
Ela é linda, mas se estupra sempre porque tem vagina
Corte essa beleza fora.
quarta-feira, 3 de julho de 2013
domingo, 6 de janeiro de 2013
(Onde chegar com demência)
Onde chegar, com doce demência a quem me agarre, sem segurar?
Era lá doce saber-te..., ora infinito de mim, ora imaterial das minhas preces.
Mas eu não as tinha. Eu não tinha preces.
A minha pressa era penosa pela ânsia de que um dia eu pudesse ser, sendo nada, pelo que sou.
Nada.
Não sendo, não cedo.
E o que poderia dar então, se de nada tinha...
E o que poderia então sentir, se de nada servia...
Mas eu sinto. E sei lá, se mais pena de mim, se moléstia por não mudar os que me quisessem.
Para que me quisessem.
Querer o que não há, afinal.
Pelo que o meu egoísmo vive em virtude do que mais anseio. Que nunca, nunca sou eu.
Que nunca, nunca me eleva.
Que nunca. Nunca.
E será verdade que poderei fazer tudo, em desfavor deste nunca que me imponho severamente.
Quero os que não querem ser ajudados.
Provo os que querem ajudar e não me sorvem a vontade.
Trinco os que querem ajudar e me sorvem o que me assombra.
Eu já amei, sem jurar.
E agora... o que fazer?
Se me deixar cambiar para trincar, feliz...
Se me deixar morrer pelo que sempre quis...
E agora.
Onde chegar com doce demência...
É o que peço.
Pois que não tem preço este limbo amante e denso
Entre a felicidade enfadonha, que ergue
E a escuridão infinita, que adora
Ei-lo, o sábio...
Ele sabe que; ou mentir, ou o silêncio.
E a mentira se tantas vezes, é-lo com verdade, sei bem.
E o silêncio, tantas vezes grita que mata antes da morte.
E agora...
Onde chegar?
Era lá doce saber-te..., ora infinito de mim, ora imaterial das minhas preces.
Mas eu não as tinha. Eu não tinha preces.
A minha pressa era penosa pela ânsia de que um dia eu pudesse ser, sendo nada, pelo que sou.
Nada.
Não sendo, não cedo.
E o que poderia dar então, se de nada tinha...
E o que poderia então sentir, se de nada servia...
Mas eu sinto. E sei lá, se mais pena de mim, se moléstia por não mudar os que me quisessem.
Para que me quisessem.
Querer o que não há, afinal.
Pelo que o meu egoísmo vive em virtude do que mais anseio. Que nunca, nunca sou eu.
Que nunca, nunca me eleva.
Que nunca. Nunca.
E será verdade que poderei fazer tudo, em desfavor deste nunca que me imponho severamente.
Quero os que não querem ser ajudados.
Provo os que querem ajudar e não me sorvem a vontade.
Trinco os que querem ajudar e me sorvem o que me assombra.
Eu já amei, sem jurar.
E agora... o que fazer?
Se me deixar cambiar para trincar, feliz...
Se me deixar morrer pelo que sempre quis...
E agora.
Onde chegar com doce demência...
É o que peço.
Pois que não tem preço este limbo amante e denso
Entre a felicidade enfadonha, que ergue
E a escuridão infinita, que adora
Ei-lo, o sábio...
Ele sabe que; ou mentir, ou o silêncio.
E a mentira se tantas vezes, é-lo com verdade, sei bem.
E o silêncio, tantas vezes grita que mata antes da morte.
E agora...
Onde chegar?
sexta-feira, 23 de novembro de 2012
Dosa
Não sofro de esperança. Do mal o menos.
Pratico a insolvência da compreensão lenta
Lenta e lentamente, de lente somítica latente
Não vivo de bem. Pago o mal
Pratico a insolvência da compreensão lenta
Lenta e lentamente, de lente somítica latente
Não vivo de bem. Pago o mal
Não vivo de mal. E fio o bem
Pouco se troca, quando se nota
E notar é, a bem dizer
Esquecer que de algo se trata
E não ver, para lá da minha frota
A mal dizer, não puder estar
Onde não me convém
E o que me convém a mim
Não puder assim ser
Porque por tais putas me fadei
E a fidelidade eu lhes dei
Pois que assim!
Esbanjando o engano grosseiro
De que para mim morria descrente, pelo menos
E pelo mal, prisioneiro
Delas
em mim
Delas
Ai delas...
Que nunca sofri de esperança
E que só a mim isso paga respeito
E até herança.
Do menos o mal
Salvé comigo feito.
Pouco se troca, quando se nota
E notar é, a bem dizer
Esquecer que de algo se trata
E não ver, para lá da minha frota
A mal dizer, não puder estar
Onde não me convém
E o que me convém a mim
Não puder assim ser
Porque por tais putas me fadei
E a fidelidade eu lhes dei
Pois que assim!
Esbanjando o engano grosseiro
De que para mim morria descrente, pelo menos
E pelo mal, prisioneiro
Delas
em mim
Delas
Ai delas...
Que nunca sofri de esperança
E que só a mim isso paga respeito
E até herança.
Do menos o mal
Salvé comigo feito.
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